quinta-feira, junho 29, 2006

Vou dar-vos música. Por uma semana vou engomar o computador e deixá-lo dentro de um saco, mudando-me de armas e bagagens para o Kauai. Vai saber-me bem, até porque estou já cansado desta "dependência" e escravidão informática...












Uns mais consagrados que outros, a imagem é apenas um pretexto para transformar a música em vídeo. Não seria este a música dos Tindersticks que escolheria, mas o videoclip estava já feito, e já não posso perder mais tempo com isto...

Até lá, esperemos que Portugal ganhe e que os ânimos do blog deste último dia serenem. Caso contrário, vou ter que fazer como fez o árbitro Ivanov. Distribuo amarelos indiscriminadamente...

Prémio Quem se Lembra de Ir ao McDonalds dos Cabelos?

Hoje fui cortar o cabelo à McDonalds dos penteados. Supercuts. Até para isso eles têm grandes cadeias e franchising. Saiu-me na rifa uma mexicana, que confessou a uma cliente que tinha cortado o cabelo a si própria. Podia repetir outra vez? Não há cá lavar o cabelo nos prelinares... Borrifam umas vezes e toca a andar, hombre. Cortava pouco. Muito pouco. Terminou várias vezes. Tive que insistir, outras tantas, para cortar um pouco mais. Sempre que me olhava ao espelho, via o cabelo de um dos muito mexicanos que trabalham neste país, com a sua cara de índio, redonda, muito morena, suada, inevitavelmente com o seu bigodito. Assim só me restavam duas opções. Aquele penteado mais comprimido, para trás, em que várias madeixas se agregam, com o azeite, brilhantina, ou o que quer que seja que eles colocam (no fundo cabelo à Pat Riley ou à versão yuppie Michael Douglas). Ou ser mais persistente e ficar também com aquele cabelo mais curto, mas sempre muito farto, em forma de meia lua, que será talvez o mais comum nos empregados dos restaurantes de São Francisco. Sim, porque posso dizer como aparte, que não percebo como é que eles (americanos) têm tantos restaurantes de tantas nacionalidades e sabores diferentes nesta cidade, dado que, inevitavelmente, na cozinha de todos eles, se encontram um, dois, três, quantos sejam precisos, mexicanos, todos eles suados, atarracados, ar cansado e um pouco tristonho. Simpatizo com eles e admiro a sua capacidade de trabalho, empenho e resignação.
Continuando na minha epopeia, a mulher insistia em manter o cabelo moderadamente grande, ordenando-o meticulosamente para trás, de pente, dando aqueles ar de lambido. Foi muito simples então. Com as minhas maozinhas sapudas, desfiz o aparente rigor dos cabelos, despentei-os, dei-lhes um ar pretensamente revolto e negligé, pedi para aparar dos lados, e saí todo contente, continuando o mesmo borracho do costume!

quarta-feira, junho 28, 2006

Portugal jogou com 13



Francisco José Viegas
Assim vale a pena, mesmo que os holandeses protestem o jogo pelo facto de Portugal ter jogado sempre com dois jogadores a mais - Scolari aos berros em Nuremberga e Na Sa do Caravaggio a fazer figas em Farroupilha, lá na serra gaúcha. Portugal jogou com 13. Eu gostei: um jogo em que Petit é agredido constitui para mim novidade (só estava habituado ao contrário) e Simão a dar quatro voltas sobre a bola antes de marcar uma falta é um espectáculo para se ver.

Prémio 20 anos depois e com a NET, Frisco está Mais Perto do Porto!

Francisco José Viegas - Entrevista na Visão

Lisboa eram 23 paragens até à faculdade...

Vínhamos da província aterrorizados, julgávamos que Lisboa nos ia devorar porque era tudo muito difícil. Passei o primeiro ano a estudar, só fui três ou quatro vezes ao cinema. Não queríamos ser ultrapassados, tínhamos sotaque... Esse primeiro ano era também um ano de correcção do sotaque.


Como é que se corrige um sotaque?
Eu não corrigi, comecei a falar assim, naturalmente. Chaves ficava a 12 horas de Lisboa. Era outro continente. De maneira que, quando tinha saudades, coisa que me acontecia muitas vezes, ia até à Praça da Alegria ver as pessoas que eu conhecia a chegarem no autocarro de Chaves.




Mas falava com elas?
Sabia que estavam ali e bastava-me.

Prémio São Francisco é Uma Aldeia

Esta aldeia chamada São Francisco é mesmo pequena. Tem os seus quarteirões, os seus vales e montes, com subidas vertiginosas, mas pelos vistos, toda a gente se conhece. Ou pelo menos a probabilidade de encontrar-se alguém com quem nos cruzámos anteriormente é muito elevada.

Neste fim de semana, de uma assentada, duas pessoas olharam para mim e disseram que me conheciam. Que disparate, pensei eu. Disse logo que não, por via das dúvidas, ainda para mais em pleno Castro no sábado rosa ou no Civic Center após a parada gay... E não fazia a mínima ideia quem seriam os personagens.
A primeira tratava-se da rapariga que tinha recusado comprar a maldita bicicleta por 35 dólares, humilhando o meu olho para o negócio. É estudante de Radioterapia, com nome alemão ou similar, mas originária de Boston.

O segundo veio a revelar-se ser um velho conhecido deste blog. Era o argentino, casado com uma vietnamita, cirurgião geral e que tinha conhecido no Groove. Tinha-me dado o mail dele, mais por insistência da mulher, e eu nunca tinha respondido porque achei que era apenas daqueles convites à americana. Neste domingo meteu conversa com um dos portugueses que tinha a camisola da selecção, para saber o resultado do futebol, continuou a conversa com a namorada deste, que é uma argentina da Patagónia (Bariloche) e veio ter depois comigo, enquanto eu bebia (e virava) uma Marguerita de morango. 

Coincidências. E gente simpática.

Ser cão aqui em São Francisco é difícil. E exigente. Têm que andar sempre impecavelmente escovados, atrás dos donos, não podem deixar recordações em qualquer lado e, sobretudo, necessitam de uma forma física assinalável. Sem gorduras. Só corrida de explosão e resistência... Não há dono que se preze que não os obrigue a dar voltas malucas, esbaforidos, atrás de uma bola de ténis, frisbee, boomerang, disco, o que quer se seja. E eles saiem sempre disparados. Com mais ou menos jeito. Bem ou mal sucedidos. Mas ao contrário do que me era hábito, cansam-se eles mais rápidos que os Patrões... 

E já não falo daqueles com vestes ridículos ou então aqueles cães espirra-canivetes, com uma coleira toda fashion, que andam a passear pela trela, o dono, o namorado do dono, os tiques amaricados de ambos, e o também feioso e desajeitado cão do namorado do dono. 

Os americanos das vezes que falam do “Mundial” lembram sempre incomodados que foram eliminados pelo G H Á N Á. Uma equipa do terceiro mundo. Imagine-se. Nem sequer me incomodo a explicar-lhes o que quer que seja. Tenho pena é que não tenham sido antes destroçados pelo Irão ou pela Venezuela. Mas nem assim aprenderiam a lição...

terça-feira, junho 27, 2006

Prémio Andaram à Solta Versão Kitsch!!!

Uma breve explicação técnica: uma das opções que tomei quando fiz o vídeo do fim de semana anterior, foi colocar uns flashes para acompanhar a música e dar um pouco de animação. Acontece que o ritmo desses slides é semelhante ao frame rate que é imposto pelo programa da internet. O que faz com que aparecem muitos espaços em branco. Um efeito semelhante ao aliasing, para quem gostar de física de Ressonância Magnética. Posso dar o exemplo clássico dos filmes de cowboys em que pelo facto da taxa de reposição de imagens ser inferior à frequência de rotação das rodas, elas parece que giram no sentido inverso. O mesmo se passa quando alguns monitores são filmados. Embora a taxa de refrescamento do ecrã seja imperceptivel ao olho humano, se a câmara de filmar tiver uma frequência maior, este monitor filmado aparece na televisão com vários flashes pretos sucessivos...

Prémio Eles Andaram à Solta



São Francisco transfigurou-se. Sábado e domingo eles e elas saíram à rua. Mascarados, vestidos, travestidos, desnudados, mais ou menos pornográficos, mais ou menos másculos, imberbes, fiteiros, efeminados, exibicionistas, em versão hard ou soft-core, o certo é que vieram para a rua. Com gritinhos, beijinhos e abraços, cantando, pulando, saltando, abraçando, fecharam quarteirões da cidade e dançaram ao som de música electrónica acelerada. Misturando algum sindicalismo, humor quanto baste, pormenores kitsch a preceito, por vezes um exibicionismo chocante para um português do Norte, projectando uma imensa quantidade de decibeis de colunas instaladas em varandas de apartamentos individuais, festas colectivas, bandas a tocar à porta do seu condomínio, mais ou menos bebida, mais ou menos charros, pastilha, ecstasy e similares...

Confesso que fiquei chocado com a quantidade e sobretudo uniformização das lésbicas. Autênticos clichês ambulantes, ar extremamente masculino, cabelo curto, sem qualquer tipo de sensualidade ou feminilidade, sisudas, carrancudas, de um exibicionismo extraordinariamente agressivo, de alguém, segundo me pareceu, que convive muito mal com a sua sexualidade.

Pelo menos os gays "homens", com a sua postura mais ou menos efeminada, com muitos ou poucos trejeitos, com o seu andar mais bamboleante e certamente mais atrevido, sempre parecem mais alegres e espontâneos.

Prémio Alguém Quer Alguma Coisa da Esquina?



Colchões, lanternas, despertadores, botas ou galochas. Numa qualquer esquina. A preço zero. Se tivesse aqui o Sócrates ainda aplicaria um IVAzito de 21%...

segunda-feira, junho 26, 2006

Uma breve explicação...

1. Adorei fazer o vídeo. Já o vi e revi umas dezenas de vezes... Como escrevi, perdi umas horas. Sobretudo de processamento gráfico. Mas fiquei contente por tê-lo feito. Foi uma prenda a mim próprio. Baseei-me nas fotografias que tinha no Powerbook. Basicamente são fruto das férias dos últimos anos, com máquina digital em punho. Tentei mostrar alguns locais extraordinariamente bonitos, algumas fotografias do jeitoso, e dos diferentes amigos e companheiros de viagem. Passámos visita sobretudo a São Francisco, Vancouver, Nova Iorque, Costa Rica, Equador, Indonésia, Tailândia, Austrália, Açores, Argentina e Chile. Sempre acompanhados pela mais bonita música dos Madredeus. A primeira vez que ouvi esta música foi há uns anos largos (12,13?), no Coliseu do Porto, e as lágrimas correram imediatamente.

2. Torna-se óbvio que vetei fotografias. Grande parte das minhas viagens tiveram outras companhias adicionais. Foi com elas que aprendi a viajar. Devo-lhes esse crédito. Mas trata-se de um director's cut...

3. Obrigado a todos pelos Parabéns. Por telefone, mail ou blog... obrigado.

domingo, junho 25, 2006

Mais do mesmo...


Quase o mesmo vídeo, com umas pequenas alterações. Brincadeiras. Tenho trabalhado nele para conseguir melhorar a qualidade de imagem. Mas penso que o próprio youtube it me limita isso...

sábado, junho 24, 2006

Prémio 25 do 6 é uma vez por ano

No tempo em que festejavam o dia dos meus anos,
Eu era feliz e ninguém estava morto.
Na casa antiga, até eu fazer anos era uma tradição de há séculos,
E a alegria de todos, e a minha, estava certa com uma religião qualquer.

No tempo em que festejavam o dia dos meus anos,
Eu tinha a grande saúde de não perceber coisa nenhuma,
De ser inteligente para entre a família,
E de não ter as esperanças que os outros tinham por mim.
Quando vim a ter esperanças, já não sabia ter esperanças.
Quando vim a olhar para a vida, perdera o sentido da vida.

Sim, o que fui de suposto a mim-mesmo,
O que fui de coração e parentesco.
O que fui de serões de meia-província,
O que fui de amarem-me e eu ser menino,
O que fui --- ai, meu Deus!, o que só hoje sei que fui...
A que distância!...
(Nem o acho...)
O tempo em que festejavam o dia dos meus anos!

...
...
...

Pára, meu coração!
Não penses! Deixa o pensar na cabeça!
Ó meu Deus, meu Deus, meu Deus!
Hoje já não faço anos.
Duro.
Somam-se-me dias.
Serei velho quando o for.
Mais nada.
Raiva de não ter trazido o passado roubado na algibeira!...

O tempo em que festejavam o dia dos meus anos!...


Álvaro de Campos, 15-10-1929

Prémio 25 do 6 é uma vez por ano!



Fui provocado uma vez por uma aluna pelo facto de mostrar exclusivamente fotografias de "férias" sem rosto. Nunca aparecer nas fotografias. Pois bem, para comemorar um dia especial, "mato o borrego". De uma assentada, ofereço-vos uma overdose delas...
É um bocadinho longo, mas a magia da música compensa. Madredeus, "As ilhas dos Açores".

PS. Como devem compreender, a escolha está condicionada ao material que tenho neste lado no mundo. Não se fale então em preferências ou exclusões..

Prémio Afinal Sempre é O Melhor do Filme...


A propósito de Woody Allen e Match Point. Trata-se do melhor do filme. Mi par d'udir ancora, Bizet (The Pearlfishers).É Caruso quem canta. Foi um dos mais célebres tenores do início do século XX. Estava em São Francisco em 1906, tendo prevista actuação na noite do terramoto.
Perdi umas horaitas à procura da música. E a brincar com os efeitos do "videoclip".
Apreciem...

sexta-feira, junho 23, 2006

Prémio Um Gajo Merece...

Por uma semana esta casa vai ser vandalizada por 12 pessoas. Espera-se que corra tudo pelo melhor. Só pode...

Prémio Lá Se Foi o Desconto dos Pneus...

"Reconhecemos a instituição FC Porto mas enquanto eu estiver cá não há hipótese de relações com a SAD desse clube."
Luis Filipe Vieira

Prémio À Saúde do Alho Porro


Um bom São João. Com mais ou menos sardinhas. Com mais ou menos pimentos. Azeite. Algum vinho. Saltos, pulos, fogueiras, arraiais, martelos, apitos, alho porro, balões. Divirtam-se.

quinta-feira, junho 22, 2006

quarta-feira, junho 21, 2006

Com som, a pedido...

Prémio Monty Python até Domingo


Prémio Foi Você Que Pediu Um Fernado Meira?

A única vantagem do Meira é fazer esquecer as azelhices do Ricardo...

Prémio Uma Breve Explicação ou Pedido

Os diferentes posts que escrevo são assim mesmo... o último atropela o primeiro. A tentação é começar a ler de cima para baixo, o que é, aliás, natural para nós. Afinal de contas é assim que o fazemos com um jornal ou um livro. Mas, especialmente hoje, peço-vos que comecem do princípio. Isto é, do fim. Do primeiro post Às paredes me confesso...
Obrigado

Prémio Para Quando Uma Nova Patagónia?


Dei por mim a comprar 2 livros. Ambos da Lonely Planet. Travel Photography e Code Green. 
Livros de viagem. São um sintoma sério. Tenho saudades de viajar. 
Da mochila às costas. De estar três ou quatro semanas sem relógio, telemóvel ou computador. Quase incontactável. De levantar cedo por prazer. Dos sítios sem electricidade, rede cabo ou wireless. Das caminhadas. De ouvir apenas o vento. De ouvir os passos na vegetação rasteira. Das fotografias. Dos beliches ou camaratas. Das dores musculares. Dos povos distantes. Das árvores ou vegetação cerrada. Dos lagos esmeralda. Das cores e cheiros do terceiro mundo. Das montanhas ou deserto. Da espontaneidade do hemisfério do sul.
Desengane-se quem acha que estou aqui por férias ou a passear. Aliás vou dentro de uma semana para o Hawaii. Mas não é isso que procuro. Não é disso que tenho saudades.
Falta-me submergir, perder num qualquer sítio do outro lado do mundo, sem estar à distância de um byte, de um rato ou tecla de telefone, em que por um mês não sei bem o que procuro, ou encontro, mas estou mais perto de me sentir eu próprio...

Prémio Às Paredes Me Confesso III... Traduzindo por Miúdos

São Francisco é uma cidade extraordinária. E não digo isso apenas por ser uma cidade bonita, com as suas colinas e vales, pela sua vegetação, pela baía ou pontes, pelas casas vitorianas e outro arquitectura de bom gosto. Não. É extraordinária porque é uma cidade em que parece que estamos na aldeia pacata, com o seu ritmo próprio, sem stress, mas colorida, vibrante, viva, com quarteirões diferentes, com toda a gente diferente, com as suas idiossincrasias, com as suas ideias e opiniões, com os cafés sistematicamente cheios (sabem como este tema me é caro), restaurantes lindíssimos, pouco trânsito, inúmeros jardins e parques, imensas criancitas, livrarias e por aí adiante... Espectáculos e animação cultural a todos instantes. Consciência social e cívica. Perto de parques naturais e paisagens extraordinárias.

É uma cidade que seduz e que vai-se entranhando. É uma cidade que podia facilmente escolher para o resto da vida... se tivesse a família e os amigos... pois como português que se preza, com esta costela que por vezes parece escondida ou esquecida, as origens são quase tudo. Brindemos! A nós! Ou a vós! Como queiram. Um beijo grande ou um abraço.

Prémio Às Paredes Me Confesso II... Família à Parte


Tenho saudades do tempo de verão, dos fins de tarde na Foz ou na Ribeira, do Bogani, da sardinha assada, do pimento ou do tremoço, da francesinha ou do bacalhau, do café, de um bom filme, dos amigos, dos almoços com os internos, de sentir-me em casa, de andar descalço na relva, de ler um livro de rajada, de não ter que estar preocupado em estudar, escrever ou rever artigos, da comida da mamã, de ser apaparicado nos diferentes sítios onde tenho a felicidade de trabalhar, de me sentir um elo importante e efectivo no hospital, do ter sempre alguém para almoçar, jantar ou beber uma cerveja, das noitadas entre amigos, do São João...

Prémio Às Paredes Me Confesso...

Confesso que não tenho saudades da VCI, dos semáforos ou das rotundas, da dificuldade em estacionar, dos arrumadores, do défice, das derrotas do Benfica, dos frangos do Moretto ou Ricardo, do preço do petróleo e da gasolina, das patetices do Santana Lopes, dos sermões do Marcelo Rebelo de Sousa, da demagogia do Sócrates, da beatice do Louçã, do Marques Mendes em bicos de pés, da cassete comunista, da má disposição dos funcionários públicos, dos atrasos nos hospitais, dalguns doentes malcriados, indelicados ou insolentes, do mau cheiro dos doentes na urgência, da burocracia, da "ausência" da Justiça e de justiça, da irmã Lúcia, do caso Casa Pia ou do Apito Dourado, da Sagres ou Superbock, dos centros comerciais, do Bela Cruz, do chegar a casa a tresandar a tabaco, dos poios da bicharada nos passeios, da azia do Vasco Pulido Valente ou do Nuno Rogeiro, dos betos da Foz, do conformismo, do cinzentismo e de sermos todos iguais.

terça-feira, junho 20, 2006

Prémio Obrigado, 3 Vezes Obrigado!

I remember you well in the Chelsea Hotel,
you were talking so brave and so sweet,
giving me head on the unmade bed,
while the limousines wait in the street.
Those were the reasons and that was New York,
we were running for the money and the flesh.
And that was called love for the workers in song
probably still is for those of them left.
Ah but you got away, didn't you babe,
you just turned your back on the crowd,
you got away, I never once heard you say,
I need you, I don't need you,
I need you, I don't need you
and all of that jiving around.

I remember you well in the Chelsea Hotel
you were famous, your heart was a legend.
You told me again you preferred handsome men
but for me you would make an exception.
And clenching your fist for the ones like us
who are oppressed by the figures of beauty,
you fixed yourself, you said, 'Well never mind,
we are ugly but we have the music.'

And then you got away, didn't you babe...

I don't mean to suggest that I loved you the best,
I can't keep track of each fallen robin.
I remember you well in the Chelsea Hotel,
that's all, I don't even think of you that often.

Leonard Cohen - Chelsea Hotel

Prémio o Vasco Pulido Valente Não É Americano

O jantar da semana passada foi à americana! Uma exaltação da excelência e da qualidade do serviço de radiologia e dos internos e fellows que terminam agora os seus "mandatos". Com direito a serem chamados individualmente ao palco, onde o orador, responsável pelo Internato, mostrava fotografias de cada um deles, da família e filhos, apontava o currículo onde pontificavam os cursos pré-graduados, doutoramentos vários, alguns com experiência profissional em empresas de topo que nada têm a ver com a Medicina como a Oracle. Depois descrevia sumariamente cada, sempre com referências elogiosas, algo superlativas e hiperbólicas, baseado em diferentes comentários que recolheu dos diferentes responsáveis de departamento por onde passaram. Foram escolhidos os melhores residentes e professores do ano. Salientou-se ainda o futuro de cada um deles, indicando onde estariam colocados no futuro imediato.
Distribuíram um libreto, à laia daqueles que se oferecem em casamentos ou baptizados, que substituía o menu pela descrição pormenorizada de cada uma das “estrelas” da noite.

Tratou-se portanto de uma auto-celebração da qualidade do serviço, do pessoal clínico e daqueles que terminam agora etapas da sua formação. Na sua maneira anglo-saxónica, do comentário sempre positivo, que realça sistematicamente o que foi bem feito, incentivando e agradecendo o trabalho prestado.

Tudo muito rápido, sem grandes floreados nem grandes discursos.

O residente do ano tirou o curso pré-graduado de Química em Harvard, frequentou a escola médica em Harvard. Internato médico no Massachusetts General Hospital. Tem um doutoramento na área das neurociências também em Harvard. Mantêm investigação 3 meses do ano num laboratório em São Diego, é modelo e iniciará um fellowship em neurorradiologia aqui na UCSF. Dá ainda aulas de salsa...

PS. Para que o título faça sentido, sugiro apenas um exercício simples de imaginação. Coloquem o Vasco Pulido Valente no meio académico americano, em São Francisco. Imaginem-no como mestre de cerimónias. Diria mal dos internos. Dos residentes. Dos fellows. Do serviço e do hospital. Dos doentes. De quem o convidou. Da comida. Do microfone. Da indumentária dos empregados. Criticaria o sistema de saúde e os políticos. O senado e o presidente. E falo do Pulido Valente apenas como exemplo. Não é nem melhor nem pior que muitos de nós portugueses. Apenas depurou e aperfeiçou um dos nossos piores defeitos.

segunda-feira, junho 19, 2006

Prémio Um Fim de Semana Passado à Moda Antiga

Regresso ao calor abafado de verão, aos pinhais e ribeiros, aos tempos de campismo, às fogueiras nocturnas na praia, ao chão duro da tenda, às casas de banho com poucas condições, à comida de rancho, às macadadas na água ou em terra, aos jogos de início de noite, aos marshmallows à lareira, ao espanto com a luminosidade do céu estrelado.

O rafting também foi isto... Mais valeu por si mesmo. Pela adrenalina de enfrentar um rápido, a necessidade do trabalho de equipa, o banho na água gelada a deixarmo-nos levar pela corrente, as ondas que nos molharam, as brincadeiras de criança de molhar os outros barcos. 

Aguardam-se fotografias que virão primeiro por correio e depois por mail.

sábado, junho 17, 2006

Prémio Desfizeram-me o Nó da Gravata

Mal cheguei ao local da festa, a secretária da minha secção, não gostou do meu nó perfeitamente normal. Achou que um nó "Windsor" ficaria melhor. Toca a desfazer a minha criação para ela própria me fazer outro género de nó. Daqueles bojudos e algo saloios. Que se traduziu pelo terminar da gravata na região epigástrica, pouco acima do umbigo. Andei a fazer figura de palerma durante o jantar. Vá lá que só me levantei da mesa no final. Para ver aquela triste figura num espelho qualquer. Tirei imediatamente a gravata.

Para a próxima, ficam as impressões sobre os residentes, fellows e sobretudo para o seu currículum absolutamente esmagador!!! Como lição de humildade.

sexta-feira, junho 16, 2006

Prémio Quem É o Postal da Gravata?


Digam lá se não ficou bem! Vantagens da Net, onde se encontra todo o tipo de informação...

Let's go Rafting

Prémio Viva Pachebel

Numa das "cafeterias" cá do hospital, ouvia-se hoje Pachebel. O célebre Canon in D. Tem sido a música clássica que me acompanha desde a adolescência, quando a descobri, num excelente filme inglês, que pouca gente conhece. Vi-o no velhinho cinema Foco, com o meu irmão. Em Defesa da Nação, chama-se. Desde então nunca mais esqueci a música. Em versão mais barroca ou clássica, tanto faz. Dispenso as versões New Age ou aquelas em que um caramelo qualquer, metido em virtuoso, dedilha uma harpa ou guitarra, estragando a peça.

Supostamente deveria ter saído da igreja ao som de Pachebel no dia em que casei. Os músicos trocaram as voltas. Ainda hoje acho que foi de propósito! Nenhum casamento pode dar certo com essa falha! Nuances do destino!
Viva Pachebel... E já agora, vivam os músicos...

Prémio Uma Mão Lava a Outra!

Hoje fui às compras. As teoria é a seguinte: se a partir de agora passar a fazer boas compras, bater bem o mercado, estudar bem os saldos, escalpelizar as promoções, descobrir as pechinchas, aproveitar as rebaixas, beneficiar da valorização do euro face ao dólar, pode ser que consiga reverter o saldo negativo da bicicleta. Estou convencido que quanto mais comprar, mais ganho! Vou chegar a um ponto que até valeu ter sido roubado!!! Assim comprei uns trapos na GAP (calções de banho a 6 dólares?) e um colchão auto-insuflável, para o qual já tenho projectos bem definidos...

Prémio Vou A Banhos + Alguém sabe dar o nó da gravata???

Este deverá ser o último post da semana. Depois de um fim de tarde estafante a passear a bicicleta... Amanhã, logo após sair do hospital, tenho um jantar de "gala"... Trata-se do jantar de fim do ano. Onde são distribuídos prémios e passado o testemunho aos fellows e residentes. Sou convidado do António e da Karen. Alguém sabe dar o nó da gravata?
Sábado de manhâ parto, com ou sem gravata, e com outras gentes para um fim de semana de rafting!

quinta-feira, junho 15, 2006

Prémio Zé Povinho e a Ministra da Educação


Sempre poderá ser um dos professores que, num assomo de dever cívico, sentiu-se obrigado a usar a greve, agendada entre feriados, deslocando-se ao centro da Europa para exigir a demissão da ministra...

Prémio E por que não o Petit?

Folha de São Paulo
O português Cristiano Ronaldo foi considerado o jogador "mais lindo e sexy" da Copa do Mundo pelos leitores da revista holandesa "Gay Krant", dirigida ao público homossexual.

quarta-feira, junho 14, 2006

A saga do "tanso" continua...

 Tentei fazer um upgrade da bicicleta. Travões,pelo menos. Dirigi-me a uma loja que vende e repara bicicletas. Confesso que não tive coragem de dizer que tinha sido "tanso" e comprado aquele ferro-velho. Nem eles acreditariam... Socorri-me da mentira piedosa. Disse antes que um amigo tinha voltado para o país de origem e deixado a "bicicleta"... A resposta foi "Rico amigo"!!!

Prémio Não Podiam Arranjar Outra Data?

O Mardi Gras é dia 25 de Junho!

Brasil - Croácia


Dia de jogo do Brasil visto com gaúchos é, obrigatoriamente, especial. Apesar de irmos directos do hospital (o jogo era ao meio-dia), lá tinham a t-shirt verde e amarela escondida sob uma qualquer outra camisola. Torcedor tem que estar equipado.
Para eles, é mais que torcer. É sofrer de uma forma que não imaginava. Para quem joga de olhos fechados, faz o que quer da bola e, inevitavelmente, ganha mais que os outros...fiquei impressionado com o cariz místico, supersticioso do
sofrimento colectivo dos brasileiros...

Para além de que chegámos ao pub uma hora antes do início da partida!!! Estão a imaginar alguma outra coisa que os faça ser mais pontuais que os alemães ou suíços? Cheguei muito mais cedo ao bar irlandês, do que costumo chegar ao Dragão... Ficámos na primeira fila colados ao ecrã gigante.
E apesar de terem ganho a uma boa equipa, jogando com 10 durante 70 minutos (sim porque o "gordão" é um fantasma que se arrasta em campo), desperdiçarem várias oportunidades de golo feito, ficaram frustradíssimos e preocupados com as hipóteses de almejar o hexa. Chama-se a isto "estarem mal habituados"

terça-feira, junho 13, 2006

http://www.youtube.com/watch?v=lcUnJJ9yrdg&mode=related&search=

http://www.youtube.com/watch?v=L4akm3unTZI&mode=related&search=


Estou mais produtivo que o habitual. A razão é simples. Sou obrigado a fazer a revisão de um artigo para o AJR até amanhã. O que é sempre uma pequena seca. Como tenho que ler vários artigos, escrever em inglês, indicar sugestões ou correcções, se possível de forma construtiva e elegante (o que é claramente difícil para qualquer português que se preze), rapidamente saturo e sinto necessidade de interromper essa tarefa amiúde, surgindo o blog como um escape fácil... Azar... Têm que me aturar...

PS: Acho que vou esquecer a parte do construtiva e elegante. E a parte das correcções e sugestões. Que tal, sim, não ou talvez? Não dá para chutar para canto? São já 3 da manhã. E não vejo maneiras de terminar isto...

Citando um e-mail enviado do Pedro Ferreira, ilustre quase-cirurgião plástico do HSJ, em estáqio nalgum lugar sombrio e chuvoso da Bélgica. Bocas da reacção...

"Estive a ler o teu blog do dia 12 "Saudades ou nem por isso..." e estás um autêntico poeta. Pena que seja um motivo para o pessoal do teu servico ainda trabalhar menos, pois acho que os comentários que fazem são durante o período laboral. Quando chegar a Portugal vou falar com o administrador do hospital para bloquear o acesso a internet a partir do teu servico."

Para os curiosos... sobre o caso clínico da semana passada. Nenhum de nós tinha razão!!!
Ou melhor o meu director tinha razão porque discordava de mim. Eu tinha razão porque discordava dele. 
Defendi que a doente deveria ir para o bloco tendo dito que em Portugal tentaria convencer os cirurgiões a arregaçar as mangas. Mas falhei no diagnóstico.
A doente foi operada e tinha uma úlcera duodenal perfurada. Um abdómen agudo, portanto. Uma urgência necessariamente cirúrgica.

À posteriori, penso que se vê a úlcera. Para a próxima vou tentar estar mais atento. Ser menos casmurro. E ficar calado...

Fui a um blog  http://portugalpuro.blogspot.com
É dos estúpidos, abjectos, fanáticos, ridículos, medíocres dos nacionalistas portugueses. Como todos os nacionalistas, aliás.

Deu-me prazer introduzir a minha provocação anterior da associação Manuel Machado e polacos grandes e musculados... Será sujeita a censura, mas pelo menos chatearei algum PIDE parvo e primário...

Mário Machado entusiasmado com os polacos

Notícia do Expresso: A extrema-direita portuguesa prepara a ida ao Mundial de Futebol na Alemanha e ao «Festival dos Povos», uma festa de ultranacionalistas, dia 10 de Junho na cidade de Jena. O dirigente da Frente Nacional e um dos «skinheads» mais influentes, Mário Machado, garante que «haverá problemas com os adeptos» do futebol sobretudo em jogos com selecções de África, como o Angola-Portugal, a 11 de Junho. No entanto, diz o mesmo dirigente, «os piores na Europa são os ‘hooligans’ e os ‘skins’ polacos - enormes -, que tomam esteróides».
Este Mário Machado prefere polacos grandes e musculados. Como qualquer skin que se preze...

Mais uma razão para brindarmos ao sucesso do Equador!!!

Só no Brasil

Revista Única - Reportagem com juíz brasileiro, alegado defensor dos direitos das crianças

Ou a de obrigar uma escola pública a aceitar a inscrição de um jovem delinquente, por ter condenado o rapaz a ir estudar e fazer-se alguém - «a escola recusou e eu acabei por dar ordem de prisão à directora. Foi um pouco excessivo, reconheço. Mas na altura achei que estava a fazer o que era certo».

A noite de sábado foi dedicada à salsa e merengue, no Canvas, o tal café-galeria de arte-centro de stand up comedy-internet café e por aí adiante. Como devem imaginar este pé pesado, limitou-se a encostar a uma coluna, uma parede ou um outro banco, beber uma cerveja, conversar com o André e Rochele e sobretudo divertir-se com o jardim zoológico... O público era bastante eclético. Elas estavam razoavelmente compostinhas, umas mais produzidas que outras, umas mais bonitas, outras melhor dançarinas... Eles acabavam por ser o highlight da festa... Alguns deles poderiam entrar directamente no Godfellas do Scorcese ou no Padrinho. Como aquele de um metro e cinquenta, cabelo ralo, já branco, esquálido, com ombros de capanga, de fato com ombreiras a reforçar a condição de latino mafioso que convidou a Rochele para dançar. Ou outro que poderia ser o Dennis Hooper do Blue Velvet, mais gordinho e da cabelos arruivados. Não esquecendo o mastodonte de 140 kg, barriga de 9 meses, estado pré-enfarte do miocárdio, bigodinho e torrentes de suor a empastar o cabelo, muito profissional, com a toallhita branca pendurada no bolso direito das calças para compensar a sudorese profusa... O oriental de cabelos loiros, óculos de armação vermelha e camiseta "Mambo Boy". Ou o "bailarino" de sapatinho branco, camisa aberta, calça justa e chapéu de capanga enterrado na fronte... Muitos latinos, muitos orientais, alguns afro-americanos. Todos eles a dançarem furiosamente, vigorosamente, escolhendo uma dama para acompanhar por música. Qual ritual... Começava a música, escolhia-se o par. E daí por diante. Ninguém tinha par fixo. Ninguém era recusado. A qualquer um podia calhar a Cinderela por uns minutos. Estava-se ali para dançar. Os americanos anglo-saxónicos eram os pareciam mais desajustados ao ritmo frenético. Claro que sob muitos prismas, o mais postal de todos os personagens, era o narrador de Valbom.

segunda-feira, junho 12, 2006

Revista de Imprensa

Rui Tavares - Público - 10 de Junho

A estupidez do racista não é uma estupidez qualquer. É uma estupidez monumental: tem escadaria e dez quartos-de-banho, dá muito trabalho a manter. Qualquer distracção e poderia ficar-se mais inteligente.

Passam hoje onze anos sobre o assassinato de um português mulato, Alcino Monteiro, às mãos de um bando de racistas.

É hábito da imprensa descrever Alcino Monteiro como “cidadão cabo-verdiano”. Isto é incorrecto. Alcino Monteiro era cidadão português, por naturalização, com Bilhete de Identidade e até serviço militar feito nas Forças Armadas deste país. Outras vezes aparece descrito como “de origem cabo-verdiana”, e fica insinuado que foi esta a motivação do assassinato de que foi vítima. Mas não foi por ser “de origem cabo-verdiana” que mataram Alcino Monteiro: se ele fosse cabo-verdiano e branco não lhe teriam tocado. Alcino Monteiro era português e foi assassinado por outros portugueses que não gostavam da cor da sua pele.


Desde que Alcino Monteiro foi assassinado que a imprensa não consegue acertar num facto simples como este. Quando se esconde a motivação do crime por detrás de eufemismos como “origem cabo-verdiana” ou “cidadão cabo-verdiano”, não só a informação vai errada como se está a espoliar uma vítima da nacionalidade que ganhou com trabalho e esforço. É uma reviravolta com tons de injustiça. Cheguei a ver um artigo em que Alcino Monteiro era descrito como “cidadão cabo-verdiano” ser ilustrado pela foto de um dos seus documentos, onde se lia: “República Portuguesa – Bilhete de Identidade de Cidadão Nacional”. Ou seja, Alcino Monteiro era tão português como, provavelmente, o jornalista que escrevia o artigo e que nem com o documento à frente dos olhos conseguia vencer a força do preconceito — se tem a pele escura — se tem sotaque — então não pode ser bem português.

Nesta semana apareceu na televisão um dos assassinos de Alcino Monteiro. Os tribunais provaram que no dia 10 de Junho de 1995 aquele homem, de seu nome Mário Machado, correu em bando pelo centro de Lisboa pondo em prática a definição do “crime de ódio” que alguns insistem que não existe: atacar, espancar e molestar exclusivamente negros e mulatos, deixando em paz os brancos.

Mário Machado diz que tem “orgulho em ser português”. Mas, ao contrário de Alcino Monteiro, não fez o menor esforço para tal. Diz que tem “orgulho em ser branco”. Tal como Alcino, Mário não tem a menor responsabilidade na sua cor de pele; isso não impediu Mário e outros de espancar Alcino até à morte.

Há quem diga que Mário Machado é apenas dono de uma enorme estupidez. É muito difícil contrariar tal conclusão quando o próprio mostra à TV uma arma que, com o seu cadastro, não pode possuir, diz que tem licença de caça mas que tenciona usá-la nas ruas, e depois explica que a arma, que sempre refere como sendo sua, está em nome da mulher. Até o mais sonolento dos juízes desmonta esta fraude mal amanhada.
Na reportagem, um dos seus comparsas define ainda melhor a coisa: “há gajos que sabem cantar”, afirma, “eu não sei cantar, só sei andar à porrada”. Quando não se sabe nada de nada, resta o racismo.

Conceda-se, no entanto, que a estupidez do racista não é uma estupidez qualquer. É uma estupidez monumental: tem escadaria e dez quartos-de-banho, dá muito trabalho a manter. Qualquer distracção e poderia ficar-se mais inteligente. Logo, há que estar sempre alerta: a estupidez tem de ser mantida a todo o custo, isolada e protegida pela estupidez de outros iguais a ele. Para isso é preciso, até, uma certa dose de esperteza: para esconder ou mostrar as tatuagens da suástica no momento certo, para aproveitar a TV esperando que outros cometam os crimes por ele, para fundar pseudo-partidos com organizações para-militares escondidas, para contar com a complacência da sociedade.

Hoje é ainda data de outro aniversário. Dez anos depois do assassinato de Alcino Monteiro, a mesma imprensa que ainda não conseguiu acertar na nacionalidade da vítima, e que usa de eufemismos para falar da motivação do crime, foi rapidíssima a noticiar um arrastão que não aconteceu. Aí, a cor da pele estava já por todo o lado, até onde o seu valor como informação era igual a zero. Num debate organizado anteontem sobre este assunto (ver Público, secção Media, de ontem) o director de informação da Lusa contou que as imagens de Carcavelos foram recebidas nas redacções “com muita euforia” e noticiadas de imediato, sem confirmação, apesar de “apenas com muita imaginação se poder ver ali um arrastão”. Estas notícias deram uma oportunidade de ouro aos racistas como Mário Machado para saírem da toca, passados dez anos, e organizarem pela primeira vez manifestações que ainda um dia vão acabar mal. Nas palavras de Joaquim Fidalgo, moderador do debate, “os jornalistas erraram e não pediram desculpa”.

São, na verdade, muito densos e contraditórios os sentidos acumulados sobre o 10 de Junho, desde que começou a ser comemorado como data da morte de Luís de Camões. Dá que pensar, mas é melhor que os nossos racistas não se metam nisso. Camões é um símbolo do amor à pátria que só poderia deixá-los humilhados. Afinal, é um desses gajos que “sabia cantar”: era culto e viajado, gostava de poesia e sabia escrevê-la como ninguém, tinha tudo o que eles não têm. Se as crónicas não erram, morreu há exactamente 426 anos. Velado pelo seu mais fiel amigo, o único capaz de o acompanhar literalmente desde o outro lado do mundo, e a quem chamavam Jau, talvez por ser da ilha de Java. Era um estrangeiro e imigrante, portanto, o melhor amigo de Camões. E uma coisa é certa — não era branco.

Saudades ou nem por isso...

Já passaram aproximadamente 2 meses e meio. A primeira fase terá sido mais difícil. Aliás, os primeiros 4 dias, antes de ir para o hospital, em que estive só, falando apenas com o computador e comigo mesmo terão sido os mais difíceis... Penso que é relativamente comum. Comentei isso com um português que conheci ontem. O trabalho faz bem, portanto...
De resto, o blog, o Skype e a videoconferência fazem milagres... Consigo falar com os Cunhas quase todos os dias. Mesmo a Cunhita mais pequenita me entra às vezes pelo ecrâ dentro, começando já com patifarias.
Por isso, não posso dizer que tenha grandes saudades. Isto é, mato-as à partida com uma manutenção apertada da comunicação com Vila Verde e arredores. O cordão umbilical a trabalhar em pleno. Portanto nem sequer legítimo talvez falar em saudades...
Penso que me faz bem estar sozinho. Estimula a observação. A introspecção. E a auto-crítica. Penso que tenho conseguido conviver bem comigo próprio. Melhor do que estava à espera. De vez em quando com alguns fantasmas, que cobardemente me assolam mais durante o sono. Ainda agora, atacam pela calada!!! 

Quanto ao resto, é apenas folclore!!!

A bike is a bike


Dia da mãe todos os dias... Já!!!

Miguel Esteves Cardoso - O Jogo
...de parabéns como Portugal que com um golinho apenas sacou 3 pontos, adquirindo cada pontinho pelo preço de pechincha de um-terço de golo. Mais barato não podia ser.
No poupar é que está o ganho e acabou-se. Venham então os persas, se fizerem favor!



Que grande barrete! Conversei com o italiano. Estudante de intercâmbio de economia. De Milano. Passei-lhe os 60 dólares e apesar da bicicleta ao longe me ter parecido algo para o velhota, tive vergonha de me pôr a vistoriar ou a discutir o preço.
Devo ter ficado com o traste mais velho de São Francisco. Chia. Os pedais gemem. As rodas estão tortas. Os pneus apresentam altos e baixos. O sistema de mudanças é o mais arcaico que me lembro de ter visto e não funciona. Os travões são pura invenção. O selim está demasiado alto e não tem alavanca para ajustar (só com ferramenta...). O regresso a casa foram 30 minutos para fazer 5 km, a insultar-me a mim próprio por ter comprado aquela droga... Por ter sido cobade para dizer que não!!! Cheguei mesmo a pensar deixar a bicicleta no caminho... Uma coisa é certa. Não preciso de aloquete pois ninguém vai roubá-la. Posso até aproveitar para colocar um copinho e ainda ganho umas gorjetas à custa da piedade americana!
Vou colocar à venda na Craig´s List. A bike is a bike. This is a charming old bike!!!!!!!!!! E coloco a fotografia dos tempos do cinema mudo. Aceitam-se outras sugestões.

Vi o jogo de Portugal num restaurante mexicano, com empregados a exibir orgulhosamente a camisolinha mexicana. Na rua ainda passaram uns carros a buzinar com bandeiras mexicanas. Estava acompanhado de portugueses e brasileiros. Gremistas. E o que fico impressionado é com a admiração, quase veneração que eles dedicam ao Scolari, ou sargentão... Fico forçado a dar-lhe o benefíicio da dúvida!!! 

Ganhámos, é o que interessa. Apesar de termos jogado com 9 contra 11. O senhor 20 milhões esteve ao nível esperado. E aquele outro de Estugarda, estava a jogar por Angola, certo? O Nuno Valente também muito fraquinho...

domingo, junho 11, 2006

Quem diria? Concordo até à vírgula, isto é no conteúdo e na forma, no discurso do nosso presidente... Já estou farto da história do Estado e dos outros! Está na altura de enfrentar o touro pelos cornos... E deixarmos de lado o nosso egoismo intrínseco e a nossa preocupação exclusiva com o umbigo, com os centros comerciais, com telemóveis  da 3a geração, com os saldos, com os Morangos com Açucar e com comédias românticas ou filmes de acção... Estava na altura de voltarmos a ter uma sociedade civil politizada, preocupada, interventiva e sobretudo com capacidade mobilizadora...

O pequeno almoço/almoço/lanche ao fim de semana é muito simples. Num destes cafés da redondeza, preferencialmente no Cole Valley, num pátio ou esplanada... Um sumo de laranja. Um cafe latte duplo. E uma bagel with cream cheese... Não temo ser pouco imaginativo e enjoar... Ouço o Ipod ou bom jazz e blues. Folheio um livro e tento estudar... O que só começa a ser produtivo quando o café começa a circular, pena que, numa altura em que o meu grau de enfado para com a matéria me obriga a mudar de ares.

Hoje acordei e fui às compras. De uma assentada quatro CDs usados na Amoeba. Entretanto enquanto ia distraído a passear pela rua, reparando nas vendas de garagem, nas recordações que vão deixando nas esquinas, num graffiti que uma artista terminava, nas vendas de bolos em que algumas amigas procuram uns trocos, nos diferentes idiomas que os miúdos falam, nos vários grupos que tocam todo o tipo de instrumentos e estilos musicais nas esquinas, na loja de roupa usada, em que um DJ actuava com os seus pratos e a música barulhenta.... surge um grande grupo de ciclistas, na sua maioria, com idades superiores aos 40-50 anos, com o seu capacete de proteção mas mais nada. Pelados. Uma ou outra tatuagem. Uma ou outra inscrição de protesto contra o Bush. Eventualmente com uma mochilita às costas. Mas de resto, como vieram ao mundo... Bom talvez um pouco mais morenos, flácidos e descaídos!!!

Já vou ter nova bicicleta. 60 dólares. Vou encontrar-me amanhã com um italiano para fazer a troca. Depois do jogo de Portugal. Vantagens da Craig's List. Uma enorme página de classificados na net. Onde se compra e vende tudo. E como percebem, quando se diz tudo, em São Francisco, é mesmo tudo...

sábado, junho 10, 2006

Para um realizador republicano, nao esta' mal



Ma Joad: Rich fellas come up an' they die, an' their kids ain't no good an' they die out. But we keep a'comin'. We're the people that live. They can't wipe us out; they can't lick us. We'll go on forever, Pa, 'cause we're the people.
Tom Joad: I'll be all around in the dark. I'll be everywhere. Wherever you can look, wherever there's a fight, so hungry people can eat, I'll be there. Wherever there's a cop beatin' up a guy, I'll be there. I'll be there in the way guys yell when they're mad. I'll be there in the way kids laugh when they're hungry and they know supper's ready, and when people are eatin' the stuff they raise and livin' in the houses they built, I'll be there, too.


Uma das mais marcantes cenas da história do cinema. Ou Cinema, como quiserem.

Tempo de Verao em Frisco

Por comparação aos calores de Portugal, o tempo de São Francisco até tem estado muito bom... O Sol tem dado ares da sua graça. E o famigerado nevoeiro aparece apenas a espaços. Apesar disso, senti-me obrigado a ligar hoje o aquecedor!!! Catorze graus dentro de casa é um pouco desagradável...

Uma vez que não tenho tido acesso ao vivo, passei parte da tarde de ontem a ver vídeos antigos dos melhores momentos de alguns craques do futebol. Na Net. Assisti deliciado a um conjunto de lances e golos, ao desafio, de Maradona, Zidane e Ronaldinho. Os dois primeiros enchem-me as medidas. Para quem gosta de futebol como eu, algumas daquelas jogadas são extraordinárias, pela técnica, pela inteligência, ou simplesmente classe... Gostar de futebol não é politicamente correcto. Ou intelectualmente muito apelativo. Sobretudo se confundido com o pirosismo quase pirotécnico televisivo, com o histerismo bacoco e o folclore da bandeirinha... Mas rever alguns daqueles golos dá-me tanto prazer com ler um bom livro, ouvir uma grande música ou assistir a um belo por do sol. Chamem-me bronco!!!


Fiquei contente com a vitória do Equador! Foi dos países que visitei que mais me marcou. Bonito, eclético, desconhecido, do calor húmido da Amazónia equatoriana, aos cones perfeitos e gelados dos seus vulcões, das faces marcadas e tristes do povo quechua, à sua profunda tristeza e dignidade, da vegetação luxuriante, à subida ao Fuya Fuya, não esquecendo nunca o pôr de sol mais extraordinário que assisti, em silêncio, sentado numa canoa da grande lagoa Cuyabeno... Fico contente por um povo que é tremendamente subjugado, uma vez que apesar de constituir mais de 80% do total, é dominado por uma classe branca de 5%...

Para quem tiver saudades dos tempos do Leonard Cohen crú, seco, que construía pérolas cortantes e dilacerantes apenas com a beleza da voz... Para os puristas de Cohen, do seu Chelsea Hotel, Bird on a Wire, The Partisan, Famous Blue Raincoat, há esperança... Recomendo vivamente Simon Joyner e o álbum Hotel Lives.

sexta-feira, junho 09, 2006

Hoje na sala de leitura, num momento em que os exames já tinham sido discutidos (e eu dados os meus palpites...), e os fellows ditavam os relatórios (que aparecem transcritos 10 minutos, repito DEZ MINUTOS depois!!!) aproveitei o meu computador e o novo Google Vídeo para me divertir. Imaginem-me com auscultadores, perdido de riso, com os fellows a olharem para mim e... a não perceberem obviamente nada...

Para quem ainda não viu, uma verdadeira pérola


Concerto das manas Cocorosie. Precedidas pelos franceses Spleen, que também as acompanharam em muitas das músicas das americanas. Um dos músicos franceses era daqueles moços de boné com a pala para trás da cabeça, e que fazia todos os sons possíveis e imaginários com a boca. Desde batida rap à voz metálica do Darth Vader.
ESPECTACULAR. Adorei... A sala estava cheia. Com todo o tipo de gente possível. Desta vez com muitas raparigas bonitas na plateia. E o concerto foi excelente. Não houve qualquer música que não me tenha enchido as medidas...

O post tem que ser curto pois ainda tenho que me concentrar em preencher a minha folha dea apostas... O pontapé de saída está quase... Sábado irei ver o futebol de samba com os brasileiros cá do sítio. Domingo é a vez de me juntar com os portugueses.

quinta-feira, junho 08, 2006

Jantar com o staff de Abdominal Imaging. Basicamente, o jantar de fim de ano.., Uns fellows preparam-se para ir e outros para entrar ao serviço. No fundo grande parte do trabalho depende deles. Eles é que partem a pedra e expoêm-na para depois os especialistas estabeleceram as conclusões ou impressões finais... E depois têm que rever os casos todos e ditá-los. Na maioria das vezes parecem máquinas, sem necessidade de parar para ir tomar um café, almoçar ou confraternizar. Nesse aspecto penso que lhes poderíamos dar umas lições. E não falo com sarcasmo e ironia. Se algo que gosto no trabalho do São João, é dos amigos que fiz. E para isso é preciso tempo, é preciso convívio para dar e para receber. Sem que isso impeça que se seja profissional ou se faça um bom trabalho.

Voltando ao jantar, a prova de vinhos valeu a pena, mas sobretudo a entrada de pato e o fillet mignon estavam deliciosos. Divinais mesmo. Nem a dona Manuela conseguiria algo tão bom (bem, talvez o frango de cabidela...) Sentámo-nos à mesa às 6 da tarde e durou até às 10 horas. Horários gringos. Mas gostei. Valeu a pena. Estava ao lado do Josh e do Mathew, velhos conhecidos para quem acompanha o blog...
PS: O meu chefe estava do outro lado da mesa... Não, ainda não sei se eu tinha razão ou não. Mas um fellow a conversar comigo considerou que ele foi arrogante e demasiado sarcástico... Sempre me deixou mais descansado!

quarta-feira, junho 07, 2006

Íntima fracção é um dos clássicos da rádio portuguesa. Tem um historial de mais de 30 anos de emissões. Durante muitos anos nas noites de domingo para segunda na TSF. Com a melhor música de genérico (não sei como descrever melhor) que conheço entre os programas de rádio... Continuo a ouvir, também em versão Podcast. Ontem foi um programa em cheio. Não conhecia nenhum dos "artistas", à excepção de Lambchop. Mas tinha pelo menos 4 músicas daquelas que nos agarram e sacodem violentamente, que se colam à pele e nos obrigam a ouvir insistentemente. O que num programa de 57 minutos é um feito!
Assim, as músicas destes 4 ilustres desconhecidos (para mim) conquistaram-me:
Lafradford : Soft return
Honeyroot : Love will tear us apart
Simon Joyner : Flying dreams
Joseph Arthur : A smile that explodes

O Mundo Sem as Mulheres - Arnaldo Jabor

O cara faz um esforço desgraçado para ficar rico pra que?
O sujeito quer ficar famoso pra que?
O indivíduo malha, faz exercícios pra que?
A verdade é que é a mulher o objetivo do homem.
Tudo que eu quis dizer é que o homem vive em função de você.
Vivem e pensam em você o dia inteiro, a vida inteira.
Se você, mulher, não existisse, o mundo não teria ido pra frente.
Homem algum iria fazer alguma coisa na vida para impressionar outro homem,
para conquistar sujeito igual a ele, de bigode e tudo.
Um mundo só de homens seria o grande erro da criação.
Já dizia a velha frase que "atrás de todo homem bem-sucedido existe uma grande mulher".
O dito está envelhecido.
Hoje eu diria que "na frente de todo homem bem-sucedido existe uma grande mulher".
É você, mulher, quem impulsiona o mundo.
É você quem tem o poder, e não o homem.
É você quem decide a compra do apartamento, a cor do carro, o filme a ser visto, o local das férias.
Bendita a hora em que você saiu da cozinha e, bem-sucedida,ficou na frente de todos os homens. E, se você que está lendo isto aqui for um homem, tente imaginar a sua vida sem nenhuma mulher.
Aí na sua casa, onde você trabalha, na rua.
Só homens. Já pensou? Um casamento sem noiva?
Um mundo sem sogras? Enfim, um mundo sem metas.

Arnaldo Jabor

terça-feira, junho 06, 2006

Hoje tive uma discussãozita com o chefe. Eu achava uma coisa num doente e ele outra. Ou melhor, ele dizia que eu poderia ter razão no diagnóstico, mas que não tínhamos dados para afirmar isso. Penso que intelectualmente ele estava a ser mais honesto que eu. Eu tinha sobretudo uma intuição e continuo a achar que o diagnóstico que propunha estava certo. Ele perguntou-me o que é que eu faria. Eu disse-lhe que em Portugal eu tentaria convencer os cirurgiões a ir ao bloco.
Ele não os tentou convencer mas explicou-lhes os diferentes dados do problema. Penso que decidiram operar a doente. Não sei se amanhã saberei se tinha razão ou não. Mas apesar de ter ficado irritado com a sua alergia às minhas sugestões, dado que não é a primeira vez, acabo, à posteriori, por admitir que ele está mais certo que eu. E que apesar de admitir um diagnóstico como possível, não se deixou levar por algum entusiasmo e manteve-se agarrado aos dados mais objectivos. Fiquei a admirá-lo por isso. E pedi-lhe desculpa pela minha teimosia e insistência. Fiquei sem saber se ficou aborrecido pelo confronto de opinião... 
Espero que a doente tenha mesmo aquilo que afirmei. Porque era uma doente com um risco cirúrgico elevado. E porque sempre atenuava a minha teimosia. 

Esta semana temos uma nova pessoa na Abdominal Imaging. Uma ex-fellow do ano passado, que veio trabalhar voluntariamente de Los Angeles, para ajudar a cobrir a falta de um especialista esta semana. Trabalho das 8 às 17h. Sem um tostão. Bem, um jantar amanhã... Conseguem imaginar? E se acrescentar que para além de simpática, é bonita? Ou que para além de bonita, é simpática?

Não há residente que se preze que não beba uma daquelas garrafinhas de água milagrosa, com cores vivas e quase chocantes, com azul eléctrico, rosa choque ou laranja vivo. São águas aleagadamente vitaminadas e possivelmente miraculosas.

Comprei uma garrafa no supermecado e bebi de uma assentada. Espero agora a qualquer momento uma explosão da massa muscular, uns biceps bem torneados, o desaparecimento da barriguita, uma altura de 185 mm, no mínimo, um raciocínio mais apurado, uma visão raio X e uma audição felina... Já pensei mesmo comprar roupa de avanço, para não ser apanhado desprevenido.

Afinal é fácil ser super-herói. A quantidade de garrafinhas, de refrescantes e suminhos, barras energéticas, chocolates vitaminados, aditivos naturais é tal que só podemos mesmo ser super-atletas. Só tenho medo é de ficar loiro!!! 

domingo, junho 04, 2006

Pior do que roubarem a bicicleta no todo ou por partes, foi ter escrito acento em vez de assento... Podia ter escrito selim... Mas depois viria a piadinha fácil!!!



Servindo também para desanuviar... Falta menos de um mês!!! E não vou precisar de qualquer bicicleta, muito menos cadeado.

Buried Bones - Tindersticks. Sempre ajuda um pouco. Ou Joanna Newsom.

A escumalha atacou de novo. Agora levaram o resto da bicicleta!!! A história é simples. Tive que me levantar muito cedo pois tinha um curso de kayak no mar. Era do outro lado da baía, em Sausalito, o que obrigava a apanhar um autocarro a 2,6km de casa. Por isso decidi ir de bicicleta, ainda sem selim. Estacionei-me e tranquei o aloquete, passando inclusivamente pelas duas rodas. Não tiveram mais, levaram tudo.

Vá lá que o dia foi muito bom. O kayak foi giro, estava um tempo espectacular, estou entre o tostado e o rosado, e toda a envolvência era fenomenal, tendo terminado mesmo junto à baia de São Francisco, mas do lado norte, vendo-se toda a cidade, as diferentes ilhas e imensos barcos, a maioria veleiros. Depois fomos jantar às seis da tarde, numa esplanada com o mesmo panorama. Excelente.

O resto já sabem...

Como não podia deixar de ser, também existe escumalha em São Francisco. Depois do concerto do Mark Kozelek, este sábado, fui obrigado a voltar para casa de bicicleta, sem acento (e sem suporte para o acento...). Foram vários km sempre a pedalar em pé, a forçar um pouco o joelho, que até se foi portando bem...

Mais do que o esforço e a sensação de que algo que é nosso nos foi tirado, um roubo tira sempre alguma da nossa liberdade pessoal, pois limita-nos e condiciona-nos muitas vezes no futuro. Eu que andava em lua de mel com a bicicleta, que me dava uma sensação de liberdade incrível, não tendo que fazer contas aos transportes públicos e ficando com a sensação do dever cumprido em termos de esforço e mesmo de fisioterapia, vou ter que pensar duas vezes antes de voltar a pedalar e deixar a bicicleta com cadeado a prender o chassis e as duas rodas. Se mesmo assim foi o que foi...

sábado, junho 03, 2006

Um iluminado...

Concerto sexta à noite. Um pouco para o fiasco. Muitos freaks entre o público. Os tipos mais normais ainda eram os que tocavam... Aqui por estas bandas é habitual as pessoas conversarem imenso durante o espectáculo, quase aos berros, o que é uma vantagem adaptativa para os grupos mais barulhentos. À entrada é-nos exigida a apresentação de um cartão de identificação com a data de nascimento, para que se possa consumir bebidas alcoólicas e somos carimbados num dos pulsos. É a forma de eles controlarem as entradas e saídas daqueles que têm de andar fora e dentro para uns segundos apressados de tabaco... Claro que o cheiro a charro no interior é bastante acentuado, mas isso serão pormenores. Depois é uma mistura de um bar com uma pequena sala de espectáculos...

Primeiro a pneumonia, depois umas manchas na pele. Depois a fototerapia. Agora uma apendicite. Já só falta ficar grávida outra vez... As melhoras, Dra Lina

sexta-feira, junho 02, 2006


Por aqui vamos brincar às apostas. São dez dólares para todo o campeonato do mundo. Entre portugueses, belgas, franceses, americanos. Apostamos todos os jogos. Com bonificação se se acertar o resultado exacto e o vencedor final...
A contagem decrescente para a "bola" já começou há muito! Decrescente ou descrente, não sei...

If you are not living life on the edge, you're taking up too much space...
Cito uma citação de um dos residentes de cá, que convida toda a gente da radiologia a deixar-se "levar" pela salsa e merengue depois do exame da especialidade. Dentro de duas semanas. Pelos vistos haverá cursos e tudo. É altura de dar a vez e convidar o Zé Miguel a vir para cá saracotear...

quinta-feira, junho 01, 2006

Dia Mundial da Criança...


Dedicado à Maria e, já agora, à criançada do serviço... com ou sem secretária

Um homem estátua a fazer o pino, segurando-se através de uma garrafa de cerveja, com o gargálo também ele de cabeça invertida!