segunda-feira, abril 30, 2007

sábado, abril 28, 2007

Prémio Não Há Mal Que Sempre Dure


Citando o "A origem das espécies" de Francisco José Viegas:

Não vale a pena enumerar os erros deste jogo ou do técnico. Do primeiro ao último minuto, foi uma imperdoável e lamentável equipa de matraquilhos.
Nem com entrada em estágio e o blackout do Alien destes útlimos dias...
Mas às vezes é dificíl jogar com três equipas em campo. O FCP. O adversário. E aquele que joga sozinho... o das trivelas!

quarta-feira, abril 25, 2007

Premio O Tolo Anda 'a Solta


Tenho tentado aproveitar o Central Park ao máximo. Se tem que ser com gravata ou blazer seja. Já levei inclusivamente uma mantinha na mochila para me deitar na relva. É uma capacidade de previsão que desconhecia. Geralmente pensaria na manta depois de estar descomposto, no regresso para casa. Nunca no dia anterior, ou na manhã, antes de sair para o hospital. Ontem, no caminho através do luxo elegante do Upper East Side, passei por uma barbearia com ar antigo, como aquelas que no Porto têm ar bafiento, cadeiras antigas, onde o pó atinge todos os recantos e é apenas espanado pelo tremor parkinsónico de funcionários cristalizados no tempo. Aqui o aspecto era essencialmente o mesmo. Só que estava cheia, com fila de espera e mostrava orgulhosamente fotografias autografadas e com dedicatória para o Jose (fiquei sem saber se com ou sem acento) do Woody Allen, Bill Murray, entre outros.

Nesse curto trajecto cruzando a Lexington, a Park e a 5a avenidas deparei com mais polícias do que alguma vez tinha visto. Eram grades, motas, carros, jipes, reboques. E claro, metros e metros de polícias. Fardados e por fardar. Na sua maioria com ar sério, de poucos amigos (não é que os amigos sejam pouco sérios...). Este espalhafatoso dispositivo de guerra entrava pelo Central Park adentro. Esqueci-me dele depois até ser surpreendido pelo estardalhaço do voo rasante de três enormes helicópteros militares, acompanhados à distância por caças e mais helicópteros.

Como disse um polícia para mim, quando parei numa esquina a tentar perceber o que se passava, it’s just the President. Seria mais adequado dizer it’s just this President. Mas aí teríamos que entrar noutras considerações filosóficas. Como questionar quem protegiam os polícias de quem? Não somos nós todos que temos que ser protegidos deste louco? Como anda esta marioneta ou caricatura de político ainda à solta?


Sim, Zé Miguel. É um Vieira da Silva. Não, não consta que seja transacionável.


Tentei ser simpático. Cortês. Será que foi o café que se inquietou? O copo tremeu? Um espírito dos elevadores? Foi o suspiro de um dos vizinhos de viagem? Terá sido por contrariar a minha natureza? Ou foi a minha inevitável tendência para ser desastrado? Azarado? Distraído?

Levanto-me quase sempre primeiro que a minha colega de apartamento. Desvantagens de quem trabalha mais longe e tem reuniões mais cedo. Que não ter que fazer (ou desfazer) a barba e ajeitar o nó à gravata...

Antes de disparar para o hospital, passo no vigésimo nono piso. Para engolir uma bagel, roubar uma peça de fruta. E acordar verdadeiramente com meio litro de café. Que vou sorvendo pelo elevador, passeios e metro. Tudo cronometrado. Tudo ao segundo.
Hoje como a reunião foi cancelada dormi um pouco mais. E com uma folga nos minutos do relógio, decidi ser magnânime e enchi mais um copo de café e tostei uma Bagel. Para a Joana que ainda dormia.

Pois bem, a bondade foi demais. Dir-se-ia mesmo que transbordou. Entornou. No elevador. Nas calças da pessoa ao lado. Foi café. Foi Bagel. Foi adoçante. Foi tudo. Só ficou a vergonha. E a desculpa embaraçada... É o que dá ser simpático e levar o pequeno almoço a alguém. As outras pessoas sorriram, que aquela hora da manhã e o caso eram impróprios para grandes risos.

Ficou falsamente aliviada a mulher da calça manchada pois, naqueles instantes, terá sido a única a não reparar que o meu excesso de bondade tinha-a mesmo atingido...

Prémio Só Agora é que Descobriram?

É inquestionável. Já ando a pregar há algum tempo. Mas fica agora vertido em papel. Não é lacrado. Mas é ciência. Que não Ciência, pois não é peer-reviewed. Mas também ultrapassa a secção de ciência do 24 Horas ou Correio da Manhã. É na Scientific American. Onde Einstein e o Watson e Crick explicaram os seus trabalhos.


Na edição de Maio, deste ano... Está lá. Na primeira página. Manchete... Este blog torna-se, finalmente, uma Instituição!!!

Prémio Era Uma Ressonância de Duas Assoalhadas, Se Faz Favor

Quando questionado sobre o pequeno número exames efectuados em ressonâncias de campo aberto, quando comparado com outros estados americanos, um dos especialistas saiu-se com a justificação, prestem atenção:
- É natural que assim seja, uma vez que em Nova Iorque, dados os apartamentos pequenos e as divisões exíguas, as pessoas estão melhor adaptadas à claustrofobia dos magnetes.
.
O que diriam os habitantes de Tóquio. Se calhar tinham crises de Agorofobia nas salas de TC ou RM de alto campo!

terça-feira, abril 24, 2007

Se perguntasse aos residentes de cá pelas tardes de estudo, pelos excedentes, pela troca de tardes na urgência por tardes livres, pelo grupo de estudo nas manhãs do serviço, teria várias hipóteses de resposta:
1. Desconfiavam que estava louco
2. Suspeitavam que não teriam percebido o inglês
3. Organizariam uma manifestação à porta do hospital
4. Pediriam um visto de residência permanente em Portugal
5. Começavam a gritar com o chefe dos internos


Por essas e outras razões não pergunto. Nem comento...

Um seria apenas aberracao. Dois passa a ser moda ou embirracao. Sera' dos calores da Primavera? Sera' tendencia de importacao ou para exportacao? Homens de fato e gravata, todos fashion, todos cool, com calca arregacada e sapato classico, sem meias..

Confesso a minha incapacidade. Certifico a minha incompetencia. Promulgo a ignorancia. Atesto e assino por minha honra. Durante estes dias tentei colocar musica no blog. Primeiro ate' deu, mas a largura de banda foi ultrapassada. Inscrevi-me em sites para colocar os ficheiros mp3. Mas depois os links nao funcionam. Tentei "embeber" alguns leitores mp3, mas nada... Terei que voltar ao velhinho youtube. Finjo que e' video, e toca a girar. Musica apenas. Afinal, a trapaca nao sera' a inteligencia dos ignorantes?

segunda-feira, abril 23, 2007

Desisto. Já perdi muitas horas de sono. Por causa deste maldito blogger. É a Google a transfigurar-se em Microsoft. A maldição dos portentados... Aparece, desaparece imagem do título. Toca, deixa de tocar música. Desisto. A noita já vai longa. Ou melhor será curta.

E na tentativa de ser perfeccionista, não sei o que aconteceu. O bardo Bird eclipsou-se. A imagem sumiu de vez. Já nem sei que diga ou que escreva.

PS. Salva-se a máquina fotográfica que melhorou dos seus humores passageiros.

domingo, abril 22, 2007










A Primavera veio tão furiosa que me levou o autofocus da máquina... Só me apetece maldizer, disparatar e sacar de todo o arsenal de palavrões típicos de um tripeiro... Que fazer com um máquina que desaprendeu a focar?

Ficam com o Scythian Empires. Outra vez Andrew Bird. Para os mais susceptíveis, podem sempre desligar. Carregar no Stop. Fica ao vosso critério. Viva o livre arbítrio...
<

Como é bom de ver o blog está em obras. Mudanças de estética, que não de rumo. De uma forma lenta pois não sei linguagem html. Está longe de estar como gosto. Mas também não ficará nunca, por essas condicionantes do código binário feito de zeros e uns. Deixo-vos música. Hoje ficam com Andrew Bird. Enjoy it, que eu vou para as ruas, tentar sorver um pouco mais deste melting pot, ou simplesmente adormecer num canto anónimo do Central Park. Enquanto abro uma cerveja, para comemorar a última vitória. Cheers...

Os deuses ou os feiticeiros deliberaram. E esforçaram-se. Limparam Nova Iorque com as chuvadas da semana passada. Testaram a paciência e o espírito de sacrifício dos demais com o frio, a neve, o vento cortante. Impuseram um manto de nevoeiro pesado e um cinzento deprimente. Mas os deuses sejam eles monoteístas, politeístas, agnósticos, pagãos ou ateus têm muita força. E são orgulhosos. Todo este passado opressivo recente, zangado, serviu os seus propósitos. De reforçar a crença nos seus poderes, desmandos e caprichos. E assim, neste sábado de 21 de Abril de 2007, as divindades de um qualquer Olimpo deliberaram. E intimaram as hordas de bárbaros para a chegada da Primavera. Numa Nova Iorque de cara lavada. Em que as árvores tristonhas e despidas dos últimos meses perceberem que tinham de se engalanar. E as mais vaidosas delas desataram a florir com uma força despudorada. O céu tornou-se azul, com esparsas nuvens. As suficientes para darmos o valor a esta dádiva do bom tempo, do calor. Nova Iorque veio para a rua. Os carrinhos de bebé foram convocados. Famílias inteiras remexeram os jardins. Tacos de basebol, bolas, patins em linha, luvas, brinquedos vários saíram dos baús. As mantas vieram das arcas dos arrumos. As sandálias, as chinelas. Os livros tornaram-se mais aprazíveis. As cestas das merendas rangeram de novo. A primavera surgiu em força hoje. Luminosa. Alegre. Refulgente. E trouxe as mini-saias consigo. Os ombros e os decotes. As sandálias, os calções. Caras bonitas e sorridentes. Foi possível cheirar novamente a relva. Deitar. Olhar o sol de frente. As árvores voltaram a ter sombra, embevecidas que estavam com as cabriolas dos esquilos, os saracoteados da passarada e os primeiros passos trôpegos da miudagem. Hoje Nova Iorque foi menos aquela cidade dos velhos que tenho visto. Uma cidade triste e marcada pelos cachecóis, guarda-chuvas e bengalas. Não. Hoje foi a revolta dos mais pequenos. A filharada veio para a rua e trouxe os pais atrás. Os casais novatos puderam mostrar os rebentos aos amigos. À família. Os cães passearam os donos. Voltou a namorar-se. Regressaram as caminhadas e fotografias. Os gelados. Voltaram os vendedores do rua, hoje com música árabe aos berros. Vieram os artistas de passeio, as inevitáveis flautas dos andes, os vendedores de banha da cobra. Os restaurantes invadiram as ruas. As esplanadas apareceram não se sabe de onde. Os óculos de sol e o inevitáveis bonés passaram finalmente a fazer sentido.

Pude ler um livro ao sol. Primeiro deitado na relva do Central Park. Depois, mais tarde na companhia dum “cafe latte” e duma Anchor Steam num banco dum café. Daqueles bancos de jardim, virados para a rua. Por duas horas vi desfilar as gentes do Upper West Side. Gente de todas as cores, todas as raças, todos os credos e condição social. Vestida de inúmeras formas, com caminhares vários, estado de espírito diverso, posturas díspares. Mas todas elas entregues ao capricho dos Deuses. E, no fundo, reconhecidas pelo “Seu” bom humor passageiro.

sexta-feira, abril 20, 2007

Uma das melhores prendas que posso dar. O link para as Conferências TED. Umas conferências que se realizam em Monterey, perto de São Francisco. Com gente conhecida por ser brilhante, inteligente e inovadora. Geralmente com conferências igualmente brilhantes e, traduzindo à letra uma palavra muito inglesa, inspiradoras. Desfrutem. Percam ou ganhem tempo. Podem começar com a do Bono, dos U2. Sei que é uma escolha que pode ser facilmente atacada e motivo de gozo. Mas estou seguro do que recomendo... E existem muitas outras.

Aproveitem. Desfrutem. O conhecimento e o acesso à informação é agora global. Deixamos de estar dependentes da pequena cultura subsidiada pelos caciques camarários. Podemos usar o rato. E a cabeça. Para conhecer mundo. E abrir as cabeças.

(estou meio padreco, hoje, com tendências evangélicas. Quem pretendo eu catequisar? Desculpem).

quinta-feira, abril 19, 2007


Cho Seung-hui does not stand for America's students, any more than Dylan Klebold and Eric Harris did when they slaughtered 13 of their fellow high-school students at Columbine in 1999. Such disturbed people exist in every society. The difference, as everyone knows but no one in authority was saying this week, is that in America such individuals have easy access to weapons of terrible destructive power. Cho killed his victims with two guns, one of them a Glock 9mm semi-automatic pistol, a rapid-fire weapon that is available only to police in virtually every other country, but which can legally be bought over the counter in thousands of gun-shops in America. There are estimated to be some 240m guns in America, considerably more than there are adults, and around a third of them are handguns, easy to conceal and use. Had powerful guns not been available to him, the deranged Cho would have killed fewer people, and perhaps none at all.

...some 14,000 routine killings committed in 2005 with guns, to which must be added 16,000 suicides by firearm and 650 fatal accidents

Economist, 2007

Em cima da jogada...

quarta-feira, abril 18, 2007




Como já escrevi antes, dois dos “Research Fellows” são egípcios. Ela, grandalhona, forte, de lenço na cabeça, despachada, sempre sorridente, daquelas que faz jus à boa disposição dos gordinhos. Ele também gordo, mas um gordo mais atarracado. Mais burgesso. Com dedos sapudos, gordurosos, que empestam o teclado. Limitado, mas aquele limitado arrogante que acha que sabe mais que os outros e que os outros estão sempre errados. Que os problemas dos trabalhos dele são por má informação do outros.

Ela não gosta dele. Não sei se ele gosta ou não dela. Mas já a ouvi lamentar que de todos os egípcios no mundo, ela tinha que vir a conhecer em Nova Iorque este postal...
Daqueles que usa três ou quatro exames de radiologia para servir de tapete e se virar para Meca. Que tem no computador um programa que dispara um alarme nos vários horários obrigatórios para reza. Um minarete informático. Com cantos a propósito. Ou a despropósito, se pensarmos que ainda hoje me assustou...

A semana passada levei o iPod e umas colunas novas. Como estava só com eles pus a tocar umas músicas árabes. As únicas que tenho. De uma desconhecida argelina, Souad Massi. O que fui fazer... Ao fim da primeira música, fui obrigado a desligar. Que o homem foi sacar todas as suas músicas do computador. Músicas religiosas e outras muito pindéricas. Daquelas com órgão electrónico. Muito fracas. Péssimas. Rapidamente saí daquela sala. Quem teve que aturar as música foram a egípcia e a iraniana. Ou belga. Conclusão? Passados uns minutos, as meninas apanham uma distracção do moço e apagam a directoria maldita.

São elas e eu. Ou eu e elas. Hoje a egípcia diz-me que fazia falta uma pessoa “maliciosa” como ela. Porquê? Simplesmente por que coloquei no desktop do computador a cruz de David.... Aguardam-se cenas dos próximos capítulos.

Estou com uma doença profissional... Dor de cotovelo. Direito. Consequência de horas ao computador. Para escrever no blog, fazer compras online (não imaginam a Joana no supermercado, pois não?) e terminar uma revisão para a AJR. Tudo isso traduziu-se numa posição viciosa e em derrame articular. Life goes on! Mas custa a carregar a mochila com os quilos de Stoller lá dentro... Preciso de férias!!!


Quem disse que o Gore-Tex é impermeável? Não em Nova-Iorque. Não nos meus pés...

terça-feira, abril 17, 2007

segunda-feira, abril 16, 2007

Por várias vezes assisti ao Chefe responder a chamadas que procuram quem testemunhe em casos de má prática. Experts do litígio médico, portanto. De acusação ou defesa. Tanto faz. Alegadamente, há médicos que fazem milhões de dólares ano, apenas como consultores, testemunhas, não sei bem o termo... Escusam dedicar-se à Medicina. Ver doentes. Correr eles próprios riscos. Tornam-se profissionais do tribunal.. Já vi ofertas de serviços de advogados para este tipo de contencioso nas carruagens de metro. Em espanhol e inglês. Já me perguntaram se em Portugal há também esta histeria judicial, de procura permanente pelo erro médico.

Estive para lhes dizer que escusamos de preocupar. Primeiro porque demora anos. Depois por que há hipóteses de ser arquivado. E finalmente porque ainda podemos ganhar umas massas... Não é verdade que mesmo que alguém tenha sido negligente e se dê por provado, tem direito ao bom nome, não?

Isto é fazer humor fácil e pouco feliz. Porque pouco sensato. Com o totobola que a nossa justiça é qualquer pode ser dado como culpado. Basta estar no lugar errado, à hora errada. A justiça é cega, não?


Depois do "Deixem jogar o Mantorras", vamos ter que subscrever o "Deixem ganhar o Benfica". Se ganhasse mais vezes, falava-se menos no canudo do PM.

Um dos especialistas com quem tive a semana passada é sui generis quanto baste. Pragueja. Disparata. Gesticula. Fala com voz grossa. Fina. Tipo desenho animado. Imita séries de televisão. Imita o Fernando Pereira. Bate no computador. Dá murros na mesa. Arrota amplicado em stereo. Imita outros sons escatolo'gicos.



Faz lembrar os personagens do Robin Williams quando tinha aquele tique de imitações em série. Como no Good Morning Vietnam. Tem um trauma daqueles grandes com pés ou sapatos. Ou com sujarem-lhe as calças. Da primeira vez que me viu, avisou logo para não cruzar as pernas, para não correr o risco de sujar-lhe as calças. Das vezes seguintes, sempre que alguém no espaço de dois metros levante o sapato mais do que uma polegada ou se aproxime dele na distância de “segurança” dum metro, ele ergue logo o sobrolho e rosna imediatamente entre dentes. Mas tem três grandes vantagens. Olha para os casos atentamente. Nem é rápido nem maçadoramente lento. E é maníaco. É excelente ver os exames relatados por ele. Porque na maioria das vezes, ao descrever os achados, acrescenta exaustivamente as referências para a patologia descrita. Série por série. Imagem por imagem. É daqueles casos, em que a obsessão compulsão ajuda bastante... Pelos menos os outros. Pelo menos a mim.


Já tinha visto com buço. Já tinha visto com bigode. Com quase barba. Sinais com pêlos. Verrugas. Tipo vidente, Tipo bruxa. Quase homens. Mas nunca tinha visto uma mulher com suíças... Trabalhadas. Tipo patilha!


Hoje fui apátrida. Por uma meia hora. Durante este tempo estive no limbo. Em lado nenhum. Não era português, europeu, americano, não era coisa nenhuma. Nem J-1, nem alien sequer. Nada. Depois... encontrei o passaporte! E a cidadania!

domingo, abril 15, 2007

Os pontinhos azuis, vermelhos e quejandos fazem parte da rede da Biblioteca Pública de Nova Iorque... Manhattan. Afinal ainda são poderosos que os Burger Kings e as Subways

Domingo em NY. A preto e branco. Do lado de cá da janela. Mais do que tristonho. Chove quase torrencialmente... Depois dos gorros e das luvas, alguém tem um guarda-chuva?

Gostei da reportagem do Expresso. Na Única. Sobre a história do Mea Culpa. Parte do particular para retratar algo mais importante. Penso que isto é jornalismo.
Gostei estar num café e ouvir o álbum completo Milk-Eyed Mender. Algo impossível no Porto.
Gostei que terminassem os Esgares e abstracts do RSNA e afins.
Gostei do resultado em Coimbra.

sexta-feira, abril 13, 2007

Pobo do Norte: o pobo mais forte

Os quarteirões e bairros de Nova-Iorque têm uma identidade própria. Estão distribuídos por áreas com maior ou menor personalidade, com charme específico, público residente determinado e população flutuante também ela variável. Até aqui tudo o certo. O que é extraordinário é que consiga haver essa diferenciação apesar do ruído dos franchising e das multinacionais americanas. Explicando... Nova Iorque, muito mais do que São Francisco, está refém das inúmeras lojas iguais, padronizadas. Quase que não há um quarteirão sem um Starbucks. Dunkin-Donuts. Macdonalds. Duane Reade. Burger King. Gap. Loft. Shoemania. David Z. Papaya Hot Dog. CVS Pharmacy. Seven Eleven. KFC. TGI Friday. Wendy’s. Barnes and Nobles. Essa é que é a unidade americana. Depois disso temos as lojas de luxo. E as lojas de bairro. Perdidas. No meio dos outros mastodontes.

Ontem foi dia de pequeno almoço "presidencial". No serviço. Uma mesa cheia de coisas que fazem mal. Os ovos mexidos e o bacon. Tostas francesas, seja lá o que isso for. Variedade de bagels. Muffins. Salmão fumado. Sumos. Café. Leite. A princípio não sabia muito bem o que se comemorava. Reparei apenas que estavam lá estacionados o chefe dos técnicos, e o responsável do serviço. Cá como lá... O responsável do serviço é daqueles que ouço a mandar vir com toda a gente, muito alto, gordo, mas daqueles com as pernas muito fininhas, em que as calças ficam claramente a boiar e no plano do tornozelo, com passinhos de periquito. O chefe dos técnicos parece um professor. Na sua postura distante. No seu vestir mais clássico e penteado ao milímetro. Percebi então que a oferta de pequeno almoço era uma recompensa. Pelo Serviço ter passado numa inspecção qualquer. Se calhar numa daquelas acreditações fantasma do King´s Fund... Cá como lá. Nesse dia andaram aflitos a colocar tudo na linha. Vá lá que tinha-me lembrado de levar a minha identificação. O diabo do badge estava num fundo muito fundo, lá mesmo ao cair, da mochila... Safa! Ainda me fechavam nuns arrumos...

Aqui no prédio todos os dias há animação. Seja picheleiro, pintor, encerador, varredor, manutenção, limpeza, revisão dos elevadores. Fecha corredor, abre corredor. Encerra elevador. Substitui elevador. Caixas de correio. Tira e põe carpete. Dá brilho. Enverniza. Amacia. Limpa vidro. Endireita o que quer que seja. Limpa para sujar. Suja para limpar.... Também é bom de ver que são dezenas de andares. Centenas de apartamentos. De qualquer das maneiras, faz lembrar o pintor da Murphy Brown. Que mais parecia um bibelot...

quarta-feira, abril 11, 2007

Saudemos os 23 anos da Íntima Fracção.

Celebremos o novo EP da Joanna Newsom.

Regozijemos-nos com a nova versão de Clam Crab Cockle Cowrie.

Brindemos ao “trabalho” incompleto do Lucílio Batista e ao regresso do miúdo aos golos...

Seja supermercado, loja de CDs, livraria, restaurante, cafetaria, loja de roupa, boteco, tasco. Todos eles têm cartões de oferta. Daqueles tipo FNAC. Em que se compra antecipadamente um “crédito” e se pode oferecer. No fundo é um fiado à americana. O contrário das antigas mercearias de bairro portuguesas. Aqui paga-se primeiro...

Há dois outros apetrechos que o Nova-iorquino médio não dispensa. O auricular bluetooth. Sim. Daqueles que lhe dá um ar mais importante, entre o homem cibernético e o robocop. E o chapéu. Ou boné. Ou carapuço. Ou gorro. Ou capuz. Ou resguardo. Ou barrete. Ou boina. O que quer que seja. Faça chuva, sol. Esteja vento ou nevoeiro. Seja noite ou dia. Já fiz estatística. Ou melhor já desisti. Numa das últimas noites que andei de metro parei nos dez. Em metade da carruagem. Poderia ter continuado, mas preferi ficar-me pelos números redondos.

Se o que o Supremo Tribunal de Justiça fez não é censura, o que é censura? Acresce dizer que com este acórdão, eles próprios, os juízes conselheiros, deviam ser condenados. Afinal de contas, aqueles linhas de saber e jurisprudência não são mais que um atestado de imbecilidade e estupidez. Ou seja, eles próprios publicaram algo que fere o bom nome. Deles. Claro. O António Oliveira continua a ter discípulos. E deve estremecer de tanto riso...

terça-feira, abril 10, 2007


Confesso que estou chocado. É caso para pensar que os Gato Fedorento não conseguiriam parodiar de forma tão absurda. E se fosse possível repetir o que escrevi aqui há dias, repetiria: Obviamente, demitam-se! Mas não. Não me parece possível. Se não é possível mudar a justiça, os juízes, as sentenças absurdas e neste caso anti-democráticas... será possível mudar o país? Ou mudar de país? Aceitam-se inscrições.

segunda-feira, abril 09, 2007

Prémio Embirrações

O frio. O frio. O frio. A queda duns flocos raquíticos de neve em pleno dia de Páscoa nem me aquece ou arrefece. Literalmente. O que aborrece mesmo é o frio. O vento cortante. Que me leva a ser o único nas ruas de Tribeca. Nem vivalma. Só eu. E o maldito guia de viagem. Que de cada vez que abria gelava as mãos. E fazia sentir-me miserável. Por entre prédios de tijolo e ferro forjado, “industriais”, belíssimos, mas tristonhos, devendo esconder histórias difíceis e pesadas.. Do passado... Que agora Tribeca é para ricos, bonitos e/ou famosos.

Times Square. Fechada. Por dezenas ou centenas de polícias. Alguns a cavalo. Criam um perímetro de segurança. Não sei o que protegem de quem. Inúmeros grupos de miúdos e adolescentes negros andam em bando. À volta precisamente de Times Square. Não faço ideia do que se passou. Sei que vejo alguns polícias montados a dispersar alguns desses grupos encurralando e forçando-os a entrar numa entrada do Metro. Tudo muito simples, que o tamanho desses cavalões impressiona. Passo ao lado. Com o café na mão e desvio-me para o centro da rua. Um dos polícias apenas me pede para voltar para o passeio. Como se não se passasse nada. E de facto tudo estava aparentemente calmo!!!

A última moda aqui em termos de corte de cabelo é algo de indescritível. Qual cabelos à jogador de futebol ou ídolo dos Morangos com Açúcar, qual quê. Aqui usam-se cabelos curtos, cortados quase a regra e esquadro. Nem sei explicar muito bem. Os limites do cabelo são lineares, formando rectas perfeitas e depois angulam quando mudam de direcção. Não percebem pois não? Pois... Sinto-me incompetente para descrever. Vou tentar arranjar fotografias!!!

Um café latte no Starbucks custa 4 dólares. O que diria o meu avô desta roubalheira? É apenas café com leite. Leite agitado e “arejado”, para ficar com espuma. Não sei o que fica caro é o café, se o leite ou se a espuma. Presumo que seja a espuma. Pois em qualquer café normal somos livres de acrescentar a quantidade de leite que se quiser...

Comprei um telemóvel americano. Na Virgin Megastore. O mais reles possível. De plástico rasca, com aspecto mais foleiro que aqueles que se compra para os miúdos. E com sons e toques ainda mais inverosímeis. Assim, para o fraco. Mas fraco mesmo fraco. Apesar disso, segue os ditames americanos. Nada é de borla. Nada se transforma. Tudo se paga. Assim, paga-se quer se faça quer se receba chamadas...

domingo, abril 08, 2007



Aprendi nos últimos anos que é preferível muitas vezes a estabilidade à dança das cadeiras. Sobretudo nos casos dos diferentes ministros, em que oposição pede sempre a sua cabeça. Veja-se o caso de Manuel Pinho, que pelas suas declarações absurdas e com pouco tacto, já levou a várias tempestades em copo de água e pedidos de demissão, com os comentadores e a oposição ululantes, a pedir sangue. Fait divers, diga-se!


Mas a confirmar-se que o primeiro ministro é doutor de coisa nenhuma e que mentiu numa coisa com tão pouco necessária como o grau académico, apenas para se colocar em bicos de pés, a resposta só pode ser: Obviamente, demita-se!

sexta-feira, abril 06, 2007

Prémio Happy Easter




Excelentes perspectivas para o fim de semana... Andar quarteirões e quarteirões. Com as mãos nos bolsos. E contra o vento furioso. Vou ter que me vingar nos cappucinos, cafe lattes e na cerveja belga... Happy Easter!!!

Estou uns dias em atraso. E tinha alguma coisa para contar. Fica a faltar algum tempo ao sono. E o blog ressente-se. Podia contar dos excelentes jantares de fim de semana. Sobretudo aquele num restaurante japonês de Brooklin. Do reencontro com o Alexandre e a Sophia, que conheci respectivamente em São Francisco e no Hawaii. Do frio que voltou e de alguns flocos de neve que prometem novos episódios. Dos primeiros algemados que vi por estes lados e do aparato da força policial. Mas fica prometido é contar alguns pormenores de alguns "colegas" meus, radiologistas em doutoramento ou em projectos de investigação, dois egípcios e uma belga iraniana. Imaginem então uma egípcia mãe de filhos, enorme, corpulenta, com o seu lenço na cabeça, adepta de corridas de carros, com o marido, também radiologista, a sustentá-la trabalhando na Arábia Saudita, adepta de deixar os filhos na cama às 7 da tarde e sair depois com os amigos. Sim, e com uma fractura grave dos pratos tibiais, num despiste após manobra mais arrojada numa dessas "maluquices" de street racing...

quarta-feira, abril 04, 2007

Que seca. No apartamento que alugámos temos direito a pequeno almoço continental. Bem servido. Sou obrigado a esperar pelas sete de manhã. Hora em que começam a servir. E depois ir a correr para o metro. Com um copo de café na mão. Estou a tornar-me cada vez mais gringo. E a arriscar chegar atrasado para poder desfrutar dum pequeno almoço de borla...

Vantagens de quem passou a viver com um pé em Times Square. E o outro perdido num edifício de muitos andares, em jeito de condomínio, com mais de 500 apartamentos, piscina e ginásio. E vários gorilas à porta, feitos seguranças, a fazer girar a porta rotativa na vez de quem passa. Que é muita gente, mais que algumas estações de metro do Porto em hora de ponta...

Hoje foi dia de bonança... De chuva e de bonança. Não é que foi a primeira vez que quando chego a uma caixa registradora pago menos do que tabelado?

Sim, porque aqui nos States há o hábito desagradávvel de tabelar os preços das diferentes coisas sem taxas. Às quais acresce a irritante obrigação de dobrar o valor do imposto com a gorjeta.

Pois, pela primeira vez tive um descontozito. E sem pedir! Apenas porque almocei na cafetaria do hospital. Com o cartão de identificação na lapela... Sempre deu direito a um abatimento. Será que se tivesse acrescentado que tinha um parafuso no joelho direito me fariam uma atenção maior? E se pedisse para não passar factura?

Estes americanos não sabem o que são persianas. Ou cortinas. Pode ser que seja desta que resgate o meu sono. Que já foge há semanas.

Fiquem descansados que é só vermelha por fora...










Eu e a minha fixação por bicicletas... Já tive tentado em ver os preços. E anteontem por volta da meia noite fui interpelado na rua por um personagem suado e aflita que perguntou se queria comprar uma. Em Portugal roubam os telemóveis. Aqui são mais as bicicletas (e os bilhetes para os Arcade Fire...)