Premio O Tolo Anda 'a Solta
Tenho tentado aproveitar o Central Park ao máximo. Se tem que ser com gravata ou blazer seja. Já levei inclusivamente uma mantinha na mochila para me deitar na relva. É uma capacidade de previsão que desconhecia. Geralmente pensaria na manta depois de estar descomposto, no regresso para casa. Nunca no dia anterior, ou na manhã, antes de sair para o hospital. Ontem, no caminho através do luxo elegante do Upper East Side, passei por uma barbearia com ar antigo, como aquelas que no Porto têm ar bafiento, cadeiras antigas, onde o pó atinge todos os recantos e é apenas espanado pelo tremor parkinsónico de funcionários cristalizados no tempo. Aqui o aspecto era essencialmente o mesmo. Só que estava cheia, com fila de espera e mostrava orgulhosamente fotografias autografadas e com dedicatória para o Jose (fiquei sem saber se com ou sem acento) do Woody Allen, Bill Murray, entre outros.
Nesse curto trajecto cruzando a Lexington, a Park e a 5a avenidas deparei com mais polícias do que alguma vez tinha visto. Eram grades, motas, carros, jipes, reboques. E claro, metros e metros de polícias. Fardados e por fardar. Na sua maioria com ar sério, de poucos amigos (não é que os amigos sejam pouco sérios...). Este espalhafatoso dispositivo de guerra entrava pelo Central Park adentro. Esqueci-me dele depois até ser surpreendido pelo estardalhaço do voo rasante de três enormes helicópteros militares, acompanhados à distância por caças e mais helicópteros.
Como disse um polícia para mim, quando parei numa esquina a tentar perceber o que se passava, it’s just the President. Seria mais adequado dizer it’s just this President. Mas aí teríamos que entrar noutras considerações filosóficas. Como questionar quem protegiam os polícias de quem? Não somos nós todos que temos que ser protegidos deste louco? Como anda esta marioneta ou caricatura de político ainda à solta?
Sem comentários:
Enviar um comentário