Prémio Embirrações (...cont.)
Basta pôr um pé fora da porta que a música do Ipod se torna imediatamente abafada. Ou para ser mais preciso, silenciada. Sou obrigado a girar o controlo até um quase máximo. Percebo agora os auscultadores enormes, com duas quase tigelas, uma por orelha, que cancelam o ruído exterior.
À mulher judia mais ortodoxa não é permitido mostrar o cabelo que não seja ao senhor seu marido. Como resolve então o problema sem recurso a lenço, véu, niqab, hijab ou bourka, mais característico das primas árabes? Mostra o cabelo que não é seu. Usa peruca.
Estou já cansado do engarrafamento pedonal. Farto. É aquilo que por agora mais me irrita em Nova Iorque. O ter que parar em cada esquina à espera que o sinal vermelho mude e depois enfrentar o ajuntamento que avança em sentido contrário. Há avenidas em que não se consegue andar mais do que meio minuto. O tempo parado, entre carros, entre gentes, entre sacos de compras, auscultadores, mochilas, malas, computadores, cotovelos, gente impaciente, turistas em passeio, turistas perdidos, crianças chorosas, crianças mimadas, crianças ranhosas, à espera de uma aberta no semáforo, no trânsito, do sinaleiro, é claramente superior àquele despendido a andar. Já nem falo em passear ou caminhar... Isso será um luxo para quem veio aterrar em Times Square. Mas de que me queixo eu? Consegui alugar um apartamento na maior concentração urbana de frenesim, stress, néons e ruídos de Nova Iorque. Face a Times Square, o Upper East, o Upper West, Greenwich Village, Chelsea são paraísos bucólicos, parados no tempo, quase campo, quase aldeia, quase tudo.
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