sábado, maio 26, 2007

Não tenho tido tempo para nada. Falta-me tempo. Para não fazer nada. Para os amigos. Para as músicas. Para os livros. Para não sentir culpa de não ter tempo.
Sobra o escuro do hospital. Sobra entrar às 7h30 e muitos vezes sair quase 12 horas depois. Sobra cansaço. Sobra a gravata. Sobra um calor que começa a cercar de forma inapelável, e com a sua garra suada aperta, de mansinho, cobardemente, deixando sem fôlego, sem energia.
Suspiro por andar descalço, por uns calções, por uma t-shirt. Suspiro por algo gelado. Por não fazer nada. Pela ausência de prazos, de horários Por férias. Pela mochila às costas. Pela ausência de computador. De telemóvel. Por poder dar horas ao tempo. Por não ter horas nem minutos. Pelos grandes espaços. Pelas grandes angulares. Por horizontes sem fim. Pelo silêncio. Pelo restolhar dos meus próprios passos. Pelo ouvir o vento. Pelas paisagens de sonho.
Foi tempo a mais estudar. Em São Francisco, no Porto e agora em Nova Iorque. É a escravatura dos calhamaços, da culpa, dos prazos, dos trabalhos, dos artigos para rever. É a obrigação de tentar aproveitar uma cidade que não pára.
Suspiro por poder desligar a tomada. Apagar a luz. Fechar o livro. Tapar a caneta. E deixar-me ir. De encontro ao que não sei. De encontro ao que não procuro.

3 comentários:

Anónimo disse...

Tudo bem .Falta pouco.É manjado mas é verdade ...vai saber proporcionalmente melhor cada minuto de ócio «merecido»(esta educação judaico-cristã) e sem remorsos.

Anónimo disse...

É preciso viver e gozar os prazeres da vida porque a vida é curta... conselho de quem gosta muito de ti.

Anónimo disse...

O grande problema é escolher os «prazeres da vida» e depois há a questão das Longorias deste mundo não alinharem na Filosofia né?