0 alien está de regresso. Já hoje. Ou dentro de dias. Talvez sábado ou domingo.
Não sei se será um um pouco mais do mesmo. Ainda estou para saber que tipo de registo surgirá. Não posso dizer que adoptarei este ou aquele estilo. Se confessional, realista, cronista, humorista. Não sei. Sou mais daqueles em que é o estilo que me adopta a mim. Afinal de contas é a história que faz o homem ou o homem que faz a história?
Estarei em trânsito. Noutra cidade. Numa grande cidade. No centro do mundo. Deixando os quarteirões familiares de São Francisco, o estilo relaxado da Califórnia, o activismo empenhado da "esquerda" progressista de alguém ainda nos sixties. Uma sociedade de causas, new age, ao mesmo tempo cristalizada e marcada pelo seu passado, mas génese permanente de novas ideias e conceitos revolucionários. Em São Francisco senti-me em casa. Numa aldeia grande, "slow pace", segura, bonita, com cromos suficientes para preencher uma caderneta de gente estranha, Mas em casa...
Em Nova Iorque não sei como será. É uma cidade, é um mundo, com outra dimensão. Não necessariamente mais europeia, apesar das distâncias serem mais curtas. Será, seguramente, uma cidade mais dura, agressiva e pulsátil. Mais gente. Mais trânsito. Mais arranha-céus. Mais turistas. Mais museus. Mais galerias. Mais turistas japoneses. Mais livrarias. Mais turistas de câmara em punho. Mais judeus. Mais judeus ortodoxos. Mais inqualificáveis mamarrachos Trump. Mais frio. Mais metro. Mais Soho. Mais esquilos. Mais Central Park. Mais Pretzels. Mais compras. Mais saldos. Mais ruído. Mais trabalho. Mais Harlem. Mais Bronx. Mais avenidas. Mais avenidas intermináveis. Mais funcionários da ONU. Mais táxis. Mais semáforos.
Agora que as malas estão quase fechadas, surge sempre a nostalgia. Daquilo que temos por certo. Por seguro. Nestes tempos de Valbom, de Porto, com a companhia imposta dos volumosos livros de texto por força do exame para terminar a especialidade, não tive tempo para lembrar-me de São Francisco. É engraçado ou irónico, que é agora que parto para outra viagem, que vou conhecer outro quotidiano, outras gentes, outras realidades, outra paleta de cores e ruídos, é agora então, como dizia, que sinto saudades de São Francisco, das suas gentes e forma de estar, de me sentir em casa, de ter conhecido e feito amigos, de me ter conhecido.
sábado, março 03, 2007
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
2 comentários:
A sensação que me fica, é que vieste cá resolver umas burocracias prolongadas e que, agora que estavam acabadas, agora que ficava tempo para estarmos e vivermos, lá vais tu! E fazes muito bem, claro, que isto é para ser aproveitado ao limite.
Boa viagem rapazola! E boa escrita ;)
Flávio
A Radiologia que trabalha e sua a bata, saúda a Radiologia que viaja e que debita cosmopolitismo em belas prosas...
Caro colega especialista, para a malta humilde cá do Hospital, tu és uma referência, uma especie de Anderson com o Peróneo sem calos ósseos, um Postiga mais afoito ou mesmo um Adriano mais compatível com a bola...
O estilo não conta... O que conta mesmo são os três pontos, como diz e bem o Paulo Bento!
Na costa Leste ou no Pacífico, o Dr. Rui Cunha vai ser seguido com toda a atenção.
Quando eu for grande...
Enviar um comentário