domingo, março 25, 2007

Estou prestes a vender-me. Ou melhor, já me vendi. Ao diabo. Passo a explicar...
Uma das cadeias americanas mais ubíquas é a Starbucks, rede de cafés mais ou menos anódinos, “empacotados”, normalizados, que pontuam muitas das esquinas americanas.

Acontece que em São Francisco havia anticorpos contra esta macdonalds dos expressos ou cappuccinos. Havia inclusive militância anti-Starbucks, vendendo-se T-shirts com dizeres, inclusive. E aceita-se perfeitamente.

Com a profusão de cafés locais giros, cada qual com os seus ritos específicos, a clientela definida, frequentados por tribos mais ou menos heterogéneas, estes cafés com alma serviam de ponto de encontro, local de trabalho, de relaxamento ou leitura. Reforço agora aquilo que já tinha escrito, com a sensação que os cafés de bairro, de esquina, com carácter, com temperamento, com virtudes e defeitos eram uma das mais valias de São Francisco. E poderia nomear uma série deles que me marcou, onde pude observar, conversar, estudar, escrever no blog, ler, rever artigos ou falar no Skype.

É verdade que ainda levo muito pouco tempo de Nova Iorque. Ainda não conheço nada. Tem sido trabalho-casa, casa-trabalho. E tenho andado mais pelo “centro” dos arranha-céus e das “quintas” avenidas.

Mas ainda não encontrei um café que me satisfizesse. E muito menos algum pelo qual me tenha enamorado. Primeiro porque quase não existe conceito de café. Existem cafés-restaurantes ou Starbucks. Ou aqueles outros também de bairro, mas parecendo corredores, em que as mesas estão apenas para justificar o espaço não ocupado pela montra ou pelo balcão.

Já para não falar na música. Não me lembro dum café em Frisco em que a música não fosse de excelente qualidade. Top-end. Por aqui tenho tido azar. Música excessivamente alta, não propriamente pimba, mas antes pop pindérica. São os cafés MTV...

Por isso hoje, depois dum brunch num restaurante giríssimo, numa boulangerie onde comemos das melhores sandes de pesto e galinha que é possível imaginar, e de andar a penar ao frio e chuva pelas ruas do Soho, à procura dum café onde pudesse abrir um computador, desisti e vendi-me. Ao Starbucks. E a uma música ranhosa.

3 comentários:

Unknown disse...

"Comemos"...
Registo a utilização pela primeira vez da 1ª pessoa do plural.

Rui Cunha disse...

http://alliensf.blogspot.com/2007/03/este-domingo-no-teve-grande-histria.html

Anónimo disse...

Portanto é uma questão do tamanho da tribo ,já que parece ser inevitavel pertencer a uma,não é?