Não há cá dia do trabalhador para ninguém, por estes lados do Atlântico. Trabalha-se e dá-se Graças a Deus por isso.
Há quase duas semanas tivemos piza à borla, para compensar as férias de alguns especialistas e o descanso pós-urgência de todos os internos. O mesmo trabalho a ser dividido por ninguém. Ou quase. Uma das auxiliares fez-se cara e tomou como indigesta uma dessas mesmas fatias, indo parar, em pouco tempo, aos cuidados intensivos. Um crise anafilática, imagine-se.
Na solidariedade tipicamente americana ninguém se levantou. Exaltou. Carpiu. Ou mexeu uma palha para ir visitar a desgraçada. Imagino que em Portugal fosse motivo para a debandada geral e visita, em rebanho, pesarosa e solidária à enfermaria... Nada disso... este episódio serviu para alguns comentários e troca de piadas, comparando-se o caso como algo digno de aparecer num episódio do Seinfeld.
Nesse mesmo dia, um pouco mais tarde, alguns médicos já tinham terminado o trabalho respectivo, antes de ir embora para enfrentar o trânsito de regresso a Brooklin ou New Jersey, fizeram horas extra, sem ninguém lhes ter pedido, para ajudar a eliminar a lista daquele que estava mais atrasado. Sem espalhafato, sem heroísmos ou recriminações, terminaram todos ao mesmo tempo.
Não sei ao que chamar solidariedade... Se aquela mais presa às emoções, às relações intra-pessoais, com conhecimento mais pormenorizado de cada um dos intervenientes. Mais “cigana”, tipicamente latina. Ou aquela atitude mais pragmática, mais profissional, menos fulanizada, seguramente mais “nórdica” dos americanos... Escolham vocês!
2 comentários:
Escolher, porque?!Legitima ?
Sim o nmoura é capaz de ter razão.
Escolher porquê?
Isso é sempre assim?
Preto ou branco?
Utilizando uma linguagem "de casta", não seria a doença da desgraçada da auxiliar que desregulou o sistema límbico desses "nórdicos", habitualmente tão auto-conscientes e assertivos?...
Se calhar aqui a velha "culpa" eclodiu como mola para uma solidariedade, que se não for permanente, é meramente para apaziguamento interno, homeostase oblige...
Ai este Dr. Freud é sempre uma inspiração!
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