Alegrias ou tristezas, numa freguesia de Felgueiras!
Única - Expresso
«Ai, aleijei-me!», exclama Miguel, o mais velho, interrompendo o pesado silêncio. Veste uma «t-shirt» do campeão, o «fê-quê-pê», e sonha mostrar ao mundo os seus dotes com o esférico. Um dia. Por enquanto, são as suas mãos esguias que trabalham no duro e não os pés de artista. «Foi a agulha que me picou». Miguel nem precisava de explicar. A família, reunida em torno da pilha de sapatos com carimbo da Zara, desata à gargalhada. Já estão habituados aos descuidos do miúdo de 14 anos. «Ele é quem tem menos jeito para isto. Saiu-me cá um preguiçoso», graceja a mãe, Aldina, cabelo eriçado, roupa desbotada, pele engelhada e mais envelhecida do que os trinta e poucos anos do bilhete de identidade. Na idade deles, também ela cosia sapatos, numa fábrica em Felgueiras. Ela, a irmã, a cunhada, a prima, a avó…
A família da freguesia de Felgueiras reúne-se em torno da pilha de sapatos de camurça para homem com carimbo da Zara, cadeia espanhola de pronto-a-vestir
O sorriso morre-lhes nos lábios com rapidez. Só o latido do Benfica, um rafeiro que guarda as galinhas e os gansos do quintal, os consegue distrair da tarefa penosa e repetitiva.
2 comentários:
Tu achas mesmo que o carago do puto disse :Aí aleijei-me!E que com essa trupe havia um pesado silencio!?Tás mesmo fora da cena meu!
A Fátima Felgueiras não tem conhecimento da exploração do trabalho infantil... se o soubesse já tinha feito das suas... pobres criançãs!!! è o País miseravel que temos...
r.a.
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